20 anos de sua morte, Renato Russo se mantém vivo em canções que continuam atuais e figura entre as 100 maiores arrecadações de Direito Autoral
Singular e sentimental. Renato Manfredini Junior (1960-1996), conhecido como Renato Russo, se encaixa muito bem nesses dois adjetivos. O icônico cantor e líder da Legião Urbana teve uma carreira repleta de controvérsias, o que nunca diminuiu sua representatividade como ídolo de diversas gerações. Mesmo após 20 anos de sua morte, as canções de Renato são reproduzidas nas mais variadas ocasiões, colocando o cantor entre as 100 maiores arrecadações de Direito Autoral.
Com a infância dividida entre Brasil e Estados Unidos, Renato sempre foi ligado à área artística. No início da adolescência, gastou toda a sua mesada em tintas francesas para participar de um concurso de desenho promovido pela Cultua Inglesa de Brasília. Aos 15, sofreu epifisiólise (uma grave doença óssea), que o deixou mais de um ano sem andar, período determinante para que ele se decidisse pela música.
Ouvindo Sex Pistols e acompanhando o nascimento da cena punk internacional, Renato descobriu a “Turma da Colina”. Músicos como Fê Lemos, Dinho e Ico Ouro Preto, Dado Villa–Lobos, Herbert Vianna e Renato (Negrete) Rocha, faziam parte do grupo. Numa das festas organizadas pela turma, Renato conhece André Pretorius e eles decidem criar o Aborto Elétrico. Fundando em 1978, o grupo era formado por Renato nos vocais e no baixo, André na guitarra e Fê Lemos na bateria.
Entre shows e brigas, Renato decretou o fim da banda em 1982, após a recusa da banda em tocar sua nova composição “Química”. Fê e o baterista teria dito que a canção era horrível e que Russo havia perdido a habilidade para fazer músicas. A separação dá início à fase “O trovador solitário”. Renato passa a tocar sozinho apenas com seu violão de 12 cordas. No período, ele abriu alguns shows e recebeu vaias do público punk, que não gostou do tom folk das composições. Músicas como “Faroeste Caboclo” e “Eduardo e Mônica” são heranças nessa época.
No mesmo ano, Renato, cansado de tocar sozinho, se une a Marcelo Bonfá, Eduardo Paraná e Paulo ‘Paulista’ Guimarães, para criar a Legião Urbana. Em 1983, Paulista e Paraná deixam a banda e Dado Villa-Lobos assume a guitarra. Com esta formação, uma gravação chega à EMI-Oden, no Rio Janeiro. Os Paralamas do Sucesso já eram contratados da gravadora e, com o intermédio do grupo, a banda assina o lançamento de seu primeiro disco. Pouco tempo antes dessa gravação, o músico Renato Rocha, o “Negrete”, passa a integrar a banda como baixista. O álbum “Legião Urbana” é lançado no início de 1985.
No final do mesmo ano, a banda começa a gravar o disco “Dois”. Entre o sucesso e shows com grandes tumultos, o terceiro disco “Que país é esse” é gravado. Do álbum, muitas músicas viram hits, mas “Faroeste Caboclo” torna-se um hino da banda. Em 1989 o álbum “As quatro estações” é lançado e todas as músicas fazem sucesso.
Entre 1990 e 1991 ocorrem grandes mudanças na banda, Renato se assume homossexual e descobre ser portador do vírus HIV. Logo em seguido a banda lança o disco “V”, que contém a romântica “Vento no litoral”. Com internações de Renato pelo vício em drogas, a Legião grava o disco duplo “Música para acampamentos”, em 1992, e “O descobrimento do Brasil”, em 1993.
A banda resolve dar uma pausa e Russo lança dois discos solos. Em 1996, a Legião grava “A Tempestade”, considerado o álbum mais triste da banda. No mesmo ano, Renato morre por complicações da AIDS. Dez dias depois Dado e Bonfá anunciam o fim da banda.
Em meados de 2012, os músicos Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos se reúnem e fazem dois shows, com Wagner Moura nos vocais. Em 2015, o primeiro disco “Legião Urbana” completou 30 anos, e Dado e Bonfá decidiram comemorar a data e com a turnê “Legião Urbana XXX anos”. Com André Frateschi nos vocais, os shows apresentam as músicas do disco e os maiores hits da banda. A turnê já percorreu várias cidades do país e ainda têm diversas apresentações marcadas. Para 2017, o Museu da Imagem e do Som (MIS) está preparando uma exposição com os objetos do apartamento que Renato tinha no Rio de Janeiro.