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Sintonizando com Samira Chamma

Vamos sintonizar na sensibilidade ímpar de Samira Chamma!

Arquiteta de formação, apaixonada pelas artes e pela música, a cantora e compositora vem lotando as casas de shows por onde passa, com sua voz única e suas canções que tocam a alma.

Samira está com o projeto “Estou Viva”, com canções autorais e confessionais, que trazem um movimento de mergulho interno, de olhar pra si, de conseguir tirar aos poucos as cascas que vão crescendo na gente. “Esse novo projeto fala de medo, de coragem, da vontade de mudar, dos encontros e desencontros, e de se perceber viva depois de tanta coisa”, conta ela.

Vem curtir com a gente essa entrevista tão especial com Samira Chamma:

1- Samira, você é arquiteta e urbanista. Como surgiu seu interesse pela música?

Escolhi fazer Arquitetura e Urbanismo exatamente por gostar das artes em geral. E, na verdade, a música esteve presente na minha vida desde criança. Eu comecei a estudar piano ainda pequena, por influência da minha mãe. Também fiz aulas de canto e é curioso pois a minha mãe ouviu dizer que essas aulas faziam bem para os pulmões, e eu tive bronquite e asma muito fortes na infância.

Com as aulas, eu me apaixonei por cantar! Na adolescência, resolvi aprender violão, por achar um instrumento mais democrático e fácil de levar para os lugares, então podia tocar e cantar. Durante a faculdade, acabei me afastando um pouco da música, mas logo depois de formada voltei a procurar o canto. Um pouco depois, veio a pandemia e essa minha reaproximação com a música se potencializou. Eu me dei conta da falta que ela fazia em minha vida. Foi nesse período que eu compus algumas coisas e me entendi nesse lugar de ser também compositora.

2- Quais foram os desafios do início de sua carreira como compositora e cantora?

Os desafios foram muitos, a começar por me entender e me assumir cantora e compositora. Como sou formada em outra área, foi um longo processo para mim. Sentia muita dificuldade em falar que eu era cantora ou compositora, seja por não trabalhar com isso ou por me sentir uma eterna aprendiz.

Buscar me aproximar de pessoas que também estavam compondo, encontrar minha turma, aqueles que estavam fazendo e pensando coisas parecidas com as que eu estava fazendo, compartilhar esse lugar novo de música…

Outro grande desafio, até bem complexo, é a viabilização de projetos, e esse é um desafio que se estende até agora. Por exemplo, como lançar uma música, como fazer um show, como produzir minhas músicas, achar locais para tocar, enfim, tem todo um processo no início que é bastante desafiador e também pode ser bastante confuso.

3- Seu primeiro single, “O Vazio”, foi produzido durante a pandemia e lançado em uma produção audiovisual. Como foi essa oportunidade e o que a canção representa para você?

Ela carrega esse marco de ser a minha primeira experiência em gravar uma música, com tudo que se envolve… Desde pegar uma música no voz e violão, uma letra que eu compus, e então compartilhar essa música com outras pessoas, outros músicos, que vão dar uma vida e uma cara diferente para ela. Isso é muito especial. Foi também a minha primeira experiência de estúdio e de ver a minha cara no Spotify, de ter um nome… Foi com esse lançamento que eu consegui me reconhecer mesmo, como cantora e compositora.

“O Vazio” eu compus na pandemia, em 2021, e lancei em março de 2022.  Era aquela época de reabertura, de sair e ver as pessoas um pouquinho, de máscara, e depois voltar pra casa e ficar sozinho de novo. É uma canção de ausência, de sentir a solidão e a falta, de experimentar esse recomeço de ver pessoas, de se relacionar e depois voltar pra casa e de como lidar com aquilo tudo. Apesar de ter sido composta na pandemia, ela se estende para além do momento pandêmico. Nós somos seres faltantes, e temos que lidar com a falta, temos que seguir apesar dos traumas, apesar das feridas, e essa canção fala disso, tem essa vibe.

Inicialmente, não era minha intenção gravá-la, mas eu participava de um clube de compositores na época, e quando toquei essa música a Ciça Araújo, que fazia parte deste grupo, gostou demais e pediu para usá-la em um curta-metragem. Eu adorei a oportunidade, e o desejo de gravar “O Vazio” foi aumentando. Foi algo muito orgânico e uma das melhores coisas nesse caminho! Convidei o Luca Frazão, meu professor de violão, para me ajudar e ele fez o arranjo, produziu e foi bem importante ver essa concretização.

4- O seu projeto atual “Estou viva” tem esgotado as bilheterias por onde passa. Conta um pouco sobre as canções e como tem sido essa experiência de casa cheia nos shows.

Esse meu projeto atual nasceu de uma curadoria, de tudo que eu tenho feito até agora. Desde que eu comecei a me apresentar, desde o primeiro show autoral, muitas das músicas daquela época me acompanham até hoje. Nesses dois anos, eu pude cantar várias músicas diferentes, cantar as mesmas músicas de maneiras diferentes, já explorei alguns formatos de show, comecei com voz e violão solo, já cantei duo, e agora tenho feito esse formato com banda.

Esse projeto, “Estou Viva”, conta uma história através das músicas que é muito confessional. Como eu costumo dizer, também das minhas composições, elas têm esse caráter, essa finalidade de querer aliviar as minhas angústias, de querer mergulhar no mundo da música e mostrar esse lado pro mundo, que eu acho que foi algo que ficou esquecido durante uma parte da minha vida, como eu contei mais acima.

As canções que estão nesse projeto são um reflexo desse movimento que entendo não ser só meu, na verdade. É um movimento de mergulho interno, de olhar pra si, de conseguir tirar aos poucos essas cascas que vão crescendo na gente conforme a vida vai acontecendo e a rigidez da vida real vai chegando na gente. Acho que é natural que a gente vá fechando portas para partes da gente, mas é muito perigoso isso. Esse show reúne canções que falam um pouco sobre esse processo.

Há canções que falam de coragem, falam dos medos de olhar para si, o que é um processo muito difícil e doloroso. Falam também sobre a vontade de mudar, sobre querer cantar, mas, sobretudo, do querer mudar para ficar mais alinhado com esse ser interno, deixar as ações mais alinhadas com o pensamento verdadeiro. Falam sobre encontros e desencontros, das dificuldades de se relacionar com o outro, de entender as suas próprias vontades, de assumir suas vontades. E falam, finalmente, de se perceber viva, depois de passar por tanta coisa, conseguir estar atento para ver a beleza do cotidiano, para sentir um cheiro de café e achar isso maravilhoso, e como é importante a gente estar atento a isso, às coincidências, aos acasos… Esse show é um pouco sobre tudo isso, sobre contar essa história.

Tem sido muito bacana essa experiência de casa cheia, ter essa troca com o público, poder chegar em mais pessoas, poder ouvir o relato delas após o show contando que uma música fez todo sentido, ou que parecia estar falando sobre a angústia delas, ou ainda que as pessoas estavam saindo com mais coragem ou mais esperançosas. E, no fim, é pra isso que a gente faz música, pra conseguir tocar as pessoas.

5- E para o futuro na música, quais suas expectativas, projetos, sonhos?

Para o futuro, minha maior meta é fazer desse projeto “Estou Viva” um disco, gravar esse projeto, produzir isso que está acontecendo nos shows, essa história toda que eu contei. Quero documentar e conseguir lançar. Então, essa é a minha principal meta agora. Eu tenho algumas faixas no Spotify, mas eu tenho essa vontade de fazer um trabalho um pouco maior, com toda uma história. Também quero continuar alcançando cada vez espaços maiores, como vem acontecendo, subir um “degrauzinho” e conseguir colocar mais pessoas para dentro do teatro, tocar mais pessoas com a minha música e com essas letras… Enfim, essas duas metas mais concretas que eu tenho, mas tem ainda outras coisas para acontecer que vão ser bem legais.

Ainda neste semestre, vou lançar duas faixas inéditas, dois sambas, a convite do projeto AlehConvida, um projeto do Aleh Ferreira, um produtor, multi-instrumentista, que convida jovens artistas a gravarem com ele. A gente sabe que para gravar uma canção, para produzir uma canção, é muito empenho, muito investimento, e esse é um projeto muito bonito, que dá oportunidade para jovens no início de carreira conseguirem gravar suas canções. Esses dois sambas, que estamos chamando de single duplo e sairá muito em breve, se chama “Me Deixar Sorrir”.

Terá ainda uma outra faixa pra sair mais no fim do semestre, chamada “Insônia”, que vai fazer parte da coletânea “Coletivo Mulher”, um disco que ganhou fomento do Edital de Apoio à Música, para ser concretizado, e são oito faixas de oito compositoras, cantoras, e eu sou uma delas, e eu estou muito feliz de fazer parte desse projeto e de ter uma faixa minha lançada nesta coletânea!

6- Como tem sido sua experiência como titular Abramus? Você sente que ser titular proporciona proteção e apoio em sua carreira musical?

Tem sido muito bom ser titular Abramus, me sinto bastante respaldada por uma associação que atende quando a gente tem dúvida, e que conseguimos falar com pessoas reais! Hoje em dia isso é tão necessário, e não essa coisa de falar com as máquinas, que é algo muito impessoal.

Quando ligo na Abramus, as pessoas são sempre bem solícitas, resolvem minhas dúvidas e indicam soluções. É muito bom estar com uma instituição que eu sei que é séria, que atende as minhas dúvidas sempre que eu preciso, que cuida das minhas obras e fonogramas!

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