Publicado em 24/08/2023.
Uma das expressões artísticas mais adaptáveis aos tempos é a música, que de geração em geração apresenta nuances da sociedade e grupos que as consome em alta escala.
O reflexo da geração atual se apresenta de maneira intensa na utilização do TikTok, o qual revolucionou o mercado fonográfico com o uso da música de maneira diferenciada para vídeos curtos, e para um momento mundial onde todos possuem pressa e se entediam com facilidade.
Como resultado deste comportamento mundial e cibernético, nasceram elas: as Speed Up Songs.
Vamos entender melhor?
Comumente chamadas como Sped Up Songs, que é o particípio passado do verbo speed up (“acelerado”, em português), é reflexo de uma nova geração. Músicas preexistentes ou produzidas de maneira em que a velocidade acelerada já é considerada desde o momento de sua criação.
Também conhecida como Speed Up Songs (com um “e” a mais), essas músicas, por muitas vezes, são aceleradas em até 3 vezes de seu BPM original, o que pode trazer, inclusive, a consideração de ser uma música mixada por algum DJ. Mas nem sempre é o caso.
Essa prática não é nova, mas a sua forma de produção sim, porque originalmente esse resultado final era adquirido pelo manuseio analógico de DJ’s sobre suas controladoras enquanto mixavam a música ao vivo em uma festa ou evento. Agora, ela já é produzida sendo pensada dessa maneira, de forma que encaixe em vídeos de alta energia no TikTok, e que seja consumida pela atual geração de jovens que não se engaja com músicas mais lentas, que precisam constantemente de estímulo sonoro e visual para que fiquem ao menos 1 minuto consumindo um conteúdo, por exemplo.
Este consumo e desejo têm impactos interessantes na sociedade, de maneira que foi possível observar o retorno de grandes sucessos dos anos 80, 90 e 2000 com essa nova roupagem, e claro, dentro do contexto da versão anexada ao visual no TikTok.
O que se pode notar é a abertura para essas músicas que não somente tem seu BPM acelerado, mas também a tonalidade, se tornando mais agudas e de maior alcance de público, uma vez que as músicas de tonalidade mais alta impactam o público com energia mais elevada, mais pop.
Uma faixa que originalmente era triste pode se transformar em algo mais animado e vice-versa.
Um dos pontos delicados dessa prática é que por muitas vezes há alteração sobre as músicas sem a autorização do autor original, apresentando uma nova roupagem sem nem sequer haver um consentimento do criador.
Considerando que o remix e aceleração da canção pode transformá-la de maneira drástica em seu significado e sentido final, isso pode se tornar um ponto extremamente delicado em questões éticas e de direito autoral.
Com equilíbrio é possível utilizar essa ferramenta como um adicional para produtores musicais, mas é necessária consciência de seus efeitos e o que estamos trazendo para a sociedade de costume sonoro, podendo vir a trazer complicações no futuro, caso não seja manejado com cuidado.
Quer saber mais?
Este tema também foi abordado pelo produtor musical Apollo Nove, em nossa Revista Abramus #47.
Confira a matéria na íntegra aqui.