Publicado em 05/07/2023
Todo mundo ama pular uma fogueira, fazer quadrilha, viver a tradicional festa de São João e isso, não há como negar! Ainda mais com tanta comilança e alegria que essas celebrações trazem, não é mesmo?
Mas talvez você não conheça a real origem desse evento tão popular e importante, que se inicia como uma celebração aos deuses, passa por uma transição simbólica do catolicismo, realiza um intercâmbio cultural e se apresenta hoje como um marco nacional.
A origem europeia atravessa oceanos e hoje se torna uma das celebrações mais importantes tanto culturalmente quanto em termos de economia local e turismo brasileiro.
Vamos do início?
Tudo começou na transição da Idade Antiga para a Idade Média quando, em toda segunda quinzena de junho, havia o solstício de verão na Europa.
Essa transição simbolizava uma nova era para as plantações, cultivos e colheitas, que mediante as crenças na época, era o momento de honrar e agradecer aos deuses com oferendas e celebrações.
Um desses deuses do cultivo era Adônis, que tinha seu amor arduamente disputado por outras duas deusas: Afrodite (deusa do amor) e Perséfone (deusa do inferno). Segundo a história, a briga foi apaziguada por Zeus, que determinou que Adônis se dividisse ao longo do ano entre as duas, passando seis meses com Afrodite, nos céus, e outros seis meses nas trevas com Perséfone.
As fases em que Adônis passava com Afrodite simbolizavam a colheita, o verão, e já com Perséfone, o inverno, o frio e a impossibilidade de plantio. E era nesse mês de transição, de um amor para outro, que foi escolhido o dia 24 de junho como o dia de culto ao deus Adônis.
Com a chegada do Cristianismo como uma possibilidade aos povos da Idade Média, o nome Adônis foi substituído por São João Batista.
Ambas as culturas creem no deus e/ou santo como um símbolo de “boas novas”, boas notícias, novidades e energias positivas de um novo ciclo que se aproxima. Um renascimento.
No seguimento da narrativa cristã, São João Batista teria sido quem batizou Cristo no Rio Jordão. E nessa “transição” de versões, algumas simbologias permaneceram, sendo uma delas a tradicional fogueira que podemos encontrar até hoje na famosa festa junina, tão popular no Brasil.
A chegada dessa celebração e costume no Brasil se deu através da colonização, que, com o cristianismo sendo a principal ferramenta utilizada como doutrinação dos portugueses sobre os povos indígenas, assim como os africanos trazidos escravizados para o Brasil, esse encontro com o santo São João Batista foi sendo adaptado nesse “esbarrão” das culturas diversas.
Ao longo do tempo, as festas foram se adaptando e ganhando características próprias, de forma que a influência indígena trouxe elementos como dança do pau de fica e a utilização de flores e plantas na decoração. Já a influência africana já pode ser percebida pelas danças de origem afro-brasileira, como o coco, bumba-meu-boi e quadrilhão.
As Festas Juninas se espalharam por todo o território brasileiro, tornando-se uma expressão cultural marcante e um reflexo da diversidade do país. Cada região do Brasil tem suas próprias tradições e costumes durante as festividades juninas. No Nordeste, por exemplo, é comum a realização de grandes festas de rua, com apresentações de quadrilhas, comidas típicas como milho cozido, canjica, pamonha e as famosas fogueiras. Já no Sudeste, os arraiás – nome local – costumam ser mais intimistas, com festas em quintais e chácaras, mas que também mantêm a tradição das danças e comidas típicas.
Esse período do ano também é um forte fomento para as músicas e artistas tradicionais dos gêneros do Forró, Xote e Piseiro. De acordo com as as tendências anuais e musicais, gêneros contemporâneos como o Sertanejo Universitário também entram na roda da fogueira.
É comum ouvir Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, João Gomes, Gusttavo Lima, Luiz Gonzaga, Azulão, Dominguinhos, Tarcísio do Acordeon, Wesley Safadão, Dorgival Dantas, entre outros, nessas celebrações de Junho, e muitas vezes acaba sendo uma época do ano que rende muito aos fonogramas executados nas festas.
Fonte: Folha de São Paulo.
As Festas Juninas ou Festas de São João, além da celebração, também apresentam um momento de união e valorização das tradições culturais brasileiras, além de ter um papel importante na economia local, impulsionando o turismo em diversas regiões do país.
Apesar das mudanças sociais e culturais ao longo dos anos, essas festas se mantêm vivas, preservando a riqueza das tradições populares e proporcionando momentos de alegria e confraternização.