Publicado em 27/11/2022.
Nesta entrevista exclusiva ela conta da trajetória, das influências, do seu vinil comemorativo de 20 anos de carreira, da presença feminina na cena do Rap neste período e, claro, dos próximos projetos.
1 – O movimento Punk e o Rap são movimentos de cunho cultural e político e você começou sua carreira musical em uma banda Punk . Você já tinha esta percepção na época?
Sim!!! No punk eu comecei por inspirada pelo movimento de mulheres, com uma banda só de minas e no rap muito por conta da minha classe social, entender o ambiente a minha volta, as injustiças dessa realidade.
2 – Como foi a transição para chegar no Rap?
Foi gradual, eu comecei escrevendo com pouca coragem de mostrar pras pessoas. Estava ouvindo muito mais rap do que outros sons na época, eu sempre gostei de muitos gêneros musicais até que me senti a vontade pra mostrar meus versos pros caras do Mamelo Sound System e fui encorajada
3 – Quem foram e são suas influências?
Primeiramente, Racionais foi um divisor de águas. Tinham vozes femininas de fora do país que me ajudaram a encontrar a minha, como Sister Nancy Lauren Hill, Bahamadia e Jean Grey. Porém, a música brasileira sempre presente. Então as grandes vozes daqui me inspiraram também, como Gal, Bethânia, Jorge Ben, Tim Maia, Gil, Caetano, Elza Soares, no jeito de escrever e me expressar, nas instrumentais – não necessariamente um influência óbvia.
4 – Já são 20 anos de carreira e em comemoração você lançou em vinil seu primeiro disco solo. Conta pra gente como foi e está sendo esta celebração?
Fechamos esse ciclo em outubro com shows no SESC 24 de maio com a participação da Karina Burh e da banda Quebrante fazendo os arranjos para versões ao vivo das músicas que selecionei desses 20 anos. E teve essa chave de ouro do meu disco mais clássico ser prensado em vinil, impecável, com uma master nova pela mãos do Artur Joly que é um mestre nesse assunto, a capa reeditada pelo Ricardo Magrão designer de capas de Nação Zumbi, Baiana System.
5 – Como você acha que o cenário musical brasileiro mudou desde quando começou? O que você tem escutado?
Acho que está muito mais diverso, a presença de pessoas de diversas regiões, classes sociais, raças, gêneros e orientações sexuais, novos ritmos brasileiros foram criados, a democratização tecnológica é super importante, enfim, eu vejo tudo como revoluções maravilhosas. Eu gosto muito das novas vozes femininas como Duda Beat, Marina Sena, Flora Matos, Tulipa Ruiz, Jussara Marçal, Marietta, Tassia Reis, Mona Brutal, Isis Broken, Majur, Alt Niss, MC Tha, são tantas deusas… E gosto muito de projetos como Attoxa, Baiana System, FBC, entre outros…
6 – Tem mais mulheres hoje na cena do que quando começou. Acha que existe menos resistência e machismo com as mulheres Mcs?
Acho que com certeza melhorou muito, a Anitta trouxe uma mudança de paradigma, mesmo sendo um funk pop com outro tipo de expressão, melhorou pra todas a percepção da capacidade da mulher – o espaço, o respeito em relação ao corpo da mulher nesse espaço tão masculino. Porém, fui comparar os 10 Mcs homens de trap/rap mais ouvidos do momento com as mulheres e existe um abismo de plays, então nesse segmento continuamos com grandes desafios.
7 – Como é ser uma referência para a galera mais nova?
É incrível! Traz uma sensação de missão cumprida, um orgulho da própria trajetória, todos os dias tem alguém que diz o quanto você é importante pra vida dela o quanto inspirou sua trajetória, isso é impagável.
8 – Quais são os próximos projetos?
Tem um EP chamado Devastada a caminho em parceria com o Quebrante, é algo que começou na pandemia, mas que como todo projeto independente deu uma ralentada no processo de finalização por conta de grana mesmo, mas está super diferente de tudo que fiz até hoje, prezo muito pela qualidade então finalmente vai sair no começo de 2023 e agora dia 30 de novembro o single da música tema vai ao ar.
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