Publicado em 30/10/2022.
Por Belinha Almendra
Autor de uma extensa lista de sucessos, que inclui mais de 400 composições, José Augusto está de volta aos palcos com a turnê “Um brinde ao amor”. Com mais de 20 milhões de discos vendidos, recordista de músicas em novelas, o cantor e compositor acaba de ganhar um presente de Roberto Carlos. “Evidências”, hit absoluto há mais de 30 anos, foi gravada pelo Rei para a trilha da novela “Travessia” (TV Globo). José Augusto conversou com o Sintonizando sobre este e outros assuntos. Confira!
1- Você está de volta aos palcos com a turnê “Um Brinde Ao Amor”, interrompida em função da pandemia. O reencontro e a troca com o público tem sido especial para você, sobretudo em um espetáculo que canta o amor?
É impossível dizer que a pandemia não trouxe uma lição de vida para cada um de nós. Eu mesmo tive medo, um princípio de depressão, insônia. Todo mundo estava doido para voltar e eu não sou diferente. Atualmente, estamos retomando shows que foram adiados, agendando novos, e, principalmente, encontrando o carinho e o respeito das pessoas que lotam as casas por onde eu tenho passado. Ainda mais por ser um show que fala de amor.
2- Evidências, parceria com Paulo Sérgio Valle, atravessa gerações e segue sendo gravada por artistas de todos os estilos. A mais recente versão é do rei Roberto Carlos, gravada para a trilha sonora na novela “Travessia” (TV Globo). Na sua opinião, o que faz de “Evidências” uma das canções mais amadas da música brasileira?
“Evidências” é uma canção que trouxe para mim e para o Paulo Sérgio Valle uma experiência que a gente não tinha vivido: a de conviver com uma música que vem ultrapassando gerações. Fizemos “Evidências” em 1989 e ela já foi gravada por inúmeros artistas no Brasil e no mundo inteiro. Agora, neste final de ano, recebemos o presente que foi ouvir a gravação do Roberto Carlos! Sinceramente, não saberia dizer porque essa canção permanece por tanto tempo. Não tenho essa fórmula mágica, essa receita de sucesso, e acredito que nem eu, o Paulo Sérgio ou qualquer outro compositor tenha. Se eu tivesse, faria outras 30 “Evidências” (risos).
3- Como compositor, você assina canções que viraram sucesso nas vozes de Simone, Fafá de Belém, Alcione, Chitãozinho e Xororó e Dionne Warwick, entre tantos outros grandes nomes. É prazeroso compor para outros artistas, diferente de quando você compõe para os seus próprios projetos?
Eu misturo muito o cantor e o compositor nesse processo. Na verdade, qualquer canção que eu faça, mesmo as que são gravadas por outros artistas, eu poderia gravar. Quando estou compondo, eu estou pensando em mim e, automaticamente, projetando em alguma cantora ou algum cantor que vá gravá-la. Mas qualquer uma dessas canções eu poderia hoje regravar, ou mesmo incluir em algum novo projeto meu.
4- Na era digital que vivemos, onde tornou-se mais fácil gerar novos conteúdos e divulgá-los sem a necessidade de grandes estruturas por trás, nunca se lançou tanta música quanto agora. Quais artistas têm lhe chamado atenção, ultimamente?
Hoje em dia, estamos vivendo uma fase na qual o artista não precisa de grandes estruturas, como você disse, para apresentar o seu trabalho. É muito mais fácil hoje do que era na minha época, quando todo esse acesso era muito mais difícil. Essa facilidade revela uma quantidade muito grande de novos artistas mas, consequentemente, também traz muita gente que, se aproveitando da tecnologia, grava sem saber o que está fazendo. A gente tem uma série de músicas maravilhosas tocando, e algumas nem tanto. Não saberia citar apenas alguns artistas que tenham me chamado atenção, porque tem muita gente boa cantando, muita gente boa compondo. Isso faz parte de uma renovação necessária. Eu sou um cara de rádio, escuto todos os artistas, gosto de acompanhar tudo o que está sendo lançado.
5- Em uma carreira marcada por inúmeros sucessos, prêmios, turnês internacionais e milhões de álbuns vendidos, quais os planos para o futuro? Algum sonho ainda por realizar?
Eu acho que toda a carreira, pelo menos a minha, sempre foi feita à base de planejamento e de sonhos. No dia que o ser humano parar de sonhar, ele estaciona. Ele deixa de ter aquela ganância boa, que é de prosperar na sua carreira, seja ela qual for. Na minha carreira não é diferente, sempre tenho muitos planos na cabeça. Em 2023 eu completo 50 anos de carreira e, pensando nisso, a gente está idealizando alguns projetos que hoje são sonhos, mas que ano que vem, se Deus quiser, vão se transformar em realidade.