Publicado em 19/01/2022
Ainda começando a engatinhar no Brasil, o modelo de streaming conhecido como Fast adota uma fórmula já consagrada pela TV aberta: Oferecer programas gratuitamente, adicionando anúncios na programação.
O modelo bem mais popular no Oriente, não chega a ser uma novidade por terras tupiniquins, já que desde o início da década passada alguns se aventuraram por aqui, como o Crunchyroll (especializada em animes) e o Crackle da Sony, que encerrou a operação no país em janeiro de 2019 alegando ser insustentável e nos fazendo crer que o modelo não vingaria no Brasil. Porém, 2020 trouxe a pandemia e tudo mudou.
É neste cenário que serviços como Pluto TV, Vix, Plex TV, NetMovies e Tubi começaram a chegar no país e a ganhar o interesse do público, especialmente devido aos longos períodos de isolamento. Enquanto gigantes como Netflix, Disney+, Amazon Prime, HBO Max e Star+ adotam o modelo de assinatura do cliente, esses outros apostam em cobrar do anunciante pelo espaço e atingir um público que não quer (ou não pode) pagar por esse tipo de serviço.
E parece que a onda está apenas começando. A consultoria nScreenMedia avaliou que este setor do mercado vai dobrar de faturamento até 2023 nos EUA, chegando a 4,1 bilhões de dólares e mais de 200 milhões de usuários ativos por mês. Alguns outros que se popularizam no hemisfério norte, como Xumo, Roku Channel, Stirr e Buzzr avaliam entrar no mercado brasileiro e seguir, por exemplo, os passos da Pluto TV, que arrecadou pouco menos de 70 milhões de dólares quando ainda era uma startup em 2018 e este ano deve chegar a 1 bilhão sob o comando da ViacomCBS.
Mesmo sem a mesma escala de penetração que vemos em países de primeiro mundo, a internet está cada dia mais acessível e estável no país (130 milhões de pessoas podem ter acesso a uma boa internet), permitindo que este modelo floresça, chegando a mais pessoas e competindo inclusive com a TV aberta. Alguns analistas consideram que esse movimento pode saturar o mercado e que muitos ficarão pelo caminho, mas reconhecem que neste processo a dinâmica deve sim mudar, uma vez que os modelos pagos consagrados hoje precisarão se adaptar à alternativa.
Há ainda a visão dos anunciantes, que acompanham com muito interesse este avanço dos streamings gratuitos que, segundo a sua visão, une o melhor de 2 mundos: a retenção da atenção da TV com a segmentação, mensuração e interação do digital. A tendência é que com o aumento de usuários, marcas maiores se interessem pelo espaço e o ciclo de crescimento progrida.
Considerando o cenário econômico do país e vendo o exemplo em outros segmentos como o de música, onde Spotify e companhia oferecem as duas opções com muito sucesso, não é difícil imaginar que muitos se tornarão adeptos ao modelo, abrindo mão de algumas (ou várias) assinaturas e pressionando os que oferecem este serviço pago a pelo menos criarem planos híbridos mais acessíveis. Será que veremos, por exemplo, uma Globo Play adotar o modelo e vir a substituir completamente a Globo na TV aberta? Vamos acompanhar para ver, mas antes uma última e fundamental pergunta/pesquisa: Você toparia um intervalo de 2 minutos a cada 10 ou 12 minutos de programação para ter o conteúdo gratuito? É essa resposta que ditará o futuro deste mercado.
Fonte: Poder 360