Sintonizando com Elas na Música

A maior associação de música e artes do brasil

ASSOCIE-SE

A maior associação de música e artes do brasil


ASSOCIE-SE PESQUISA DE OBRAS CADASTRO DE OBRAS ISRC
VOLTAR

Sintonizando com Elas na Música

Publicado em 16/10/2020

Três profissionais reconhecidas no mercado musical. Andrea Dorea, Jaqueline Sangalo e Cris Rizo se uniram no Projeto Elas na Música que tem como objetivo ajudar a artistas independentes a entender o mercado musical e todas as variáveis dele. Em um bate papo exclusivo para a Abramus, Andrea e Jaqueline falam sobre as suas experiências profissionais, as dificuldades dos artistas independentes e muito mais.


Como surgiu a ideia de trazer um programa para ajudar artistas independentes?

Andrea Dorea – Eu e Jaqueline Sangalo temos uma empresa de consultoria para artistas a Dorea & Sangalo, que também é, como o mercado denomina, uma aceleradora e incubadora de artistas. O formato da nossa empresa é novo no Brasil, pois nossa consultoria trabalha como uma consultoria “boutique” com atendimento customizado. Basicamente, nós trabalhamos o artista desenhando toda a estratégia para a gestão da sua carreira e entregando ele envelopado para o mercado. Nós também realizamos a produção fonográfica de artistas previamente selecionados. 

Desde o início da nossa empresa em 2018, percebemos que o mercado do independente no Brasil é carente de profissionalização. Há muitos artistas independentes e amadores que sonham com a carreira, mas não sabem o caminho para transformar esse sonho em uma carreira promissora. Esses artistas são os que mais nos procuram e, como muitos deles não têm recursos financeiros para contratar uma consultoria como a nossa, o Elas na Música surgiu como uma forma de suprir essa demanda levando informação de forma gratuita para esses artistas. 

Então, no início da pandemia, quando Jaqueline sugeriu que fizéssemos lives, nós conversamos e decidimos criar o Elas na Música. Para completar o time nós convidamos a Cris Rizo, nossa parceira de negócios no rock e projetos especiais, que atua com banda de rock independentes e sempre nos traz as demandas desse mercado, que também são muitas. O lema do Elas na Música é “toda semana um conteúdo diferente, especializado e gratuito para impulsionar a sua carreira” e é isso que nós fazemos nos nossos programas e também nos demais conteúdos disponíveis no nosso canal no YouTube, como o Pílulas Dorea & Sangalo, que são vídeos curtos com perguntas enviados por artistas e que nós respondemos.

Quais as principais dificuldades que vocês acham que um artista independente enfrenta?

Jaqueline Sangalo – As dificuldades são inúmeras, desde a falta de conhecimento sobre o mercado ao amadorismo na gestão do negócio. Quem está de fora e não tem conhecimento do mercado sempre pensa que a falta de investimento é o principal empecilho, mas se engana. Na nossa empresa, por exemplo, atendemos artistas com diversas demandas, que vão desde como profissionalizar-se até como distribuir suas músicas nas plataformas. E alguns desses artistas que atendemos vem de uma experiência frustrada com investimentos altíssimos, mas sem resultados. Isso acontece por várias razões, inclusive falta de foco, profissionalização e falta de estratégia definida. 

Enfim, são inúmeros os problemas e dificuldades que os artistas enfrentam e para impulsionar suas carreiras o primeiro passo é aceitar que precisam melhorar certos pontos ou nada vai mudar. E não é só artista novo que passa por isso não. Já fomos consultadas por artistas com carreiras longas, mas que em algum momento a carreira estagnou por diferentes motivos e o mesmo entende que há uma necessidade de redirecionamento. 

Na minha opinião, o primeiro passo para qualquer artista crescer profissionalmente é a autocritica, é pensar que sempre há algo a ser melhorado e que sozinho ele não vai a lugar nenhum. A ajuda profissional é sempre importante para o crescimento de qualquer carreira.

Por que é importante o artista se manter informado?

Jaqueline Sangalo – Estamos vivendo na era da informação e da aceleração dos avanços tecnológicos, mas ao mesmo tempo que a internet democratizou o acesso e facilitou a comunicação, ela também proporcionou um aumentou considerável da concorrência. Por exemplo, só no Spotify, a plataforma de música mais acessada no mundo, temos 50 milhões de músicas e 1 bilhão de playlists e só esses números já dão uma ideia da concorrência nesse mercado. Então, como um artista que não tem estratégia definida, não tem uma carreira estruturada e não tem dinheiro para investir em grandes campanhas de marketing vai conseguir fazer com que sua música se destaque nesse oceano de opções? Fica difícil, né? E além dos avanços tecnológicos e novas tendências, há também as questões de legislação como a PL 3968, que afetam diretamente aos artistas e é essencial que eles fiquem atentos para lutarem pelos seus direitos e pelo fortalecimento da sua classe. 

Em suma, é importante que o artista se fortaleça com conhecimento e informação, seja lendo as notícias, ficando atento as novidades do mercado, estudando, criando ou participando de cursos que agreguem ferramentas e técnicas para sua carreira. Não há fórmula mágica. O que há é muito estudo, dedicação e trabalho.

Como mulheres bem-sucedidas no mercado musical, vocês acham o mercado ainda é muito restrito para mulheres trabalharem?

Andrea Dorea – Sim, é restrito. O machismo ainda impera não só no mercado musical, mas na sociedade como um todo. Hoje, eu vejo dois grandes empecilhos para a mulher no mercado de trabalho: machismo e etarismo. Quantas mulheres temos em cargos de chefia? Quantas mulheres com mais de 40 anos ocupam cargos de chefia ou têm chances de crescimento profissional no mercado de trabalho mesmo com toda sua experiência e conhecimento? Quantas mulheres têm remuneração equivalente aos seus pares profissionais masculinos?

Segundo a pesquisa do International Business Report da Grant Thornton, o Brasil hoje tem uma média de 29% de mulheres em cargos de liderança sênior e mesmo com o crescimento de 32% em cargos de CEO em 2020, contra 27% de 2019, nos demais cargos de diretoria a pesquisa detectou uma diminuição significativa na participação das mulheres. Essa mesma pesquisa detectou que a média de mulheres em cargo de sociedade é de apenas 4% e a média global de 7% também é baixa. Se formos para o mercado fonográfico, a lista publicada pela Billboard, por exemplo, aponta que entre os 100 profissionais mais poderosos dessa indústria somente 17 são mulheres.

Então, eu pergunto: faltam mulheres capacitadas? Claro que não! O que falta é espaço, oportunidade e uma visão mais atual nas empresas. A minha perspectiva para um futuro a longo e médio prazo é um crescimento da participação das mulheres, porém isso só será possível se as mulheres que já conquistaram seu espaço na indústria fonográfica atuarem como vetores dessa transformação, abrindo espaços para novas mulheres e fortalecendo a participação das profissionais mais antigas. E iniciativas como o Women in Music e o Elas na Música são fundamentais para dar visibilidade a essa questão.

Fale um pouco sobre esse projeto e das mulheres que dele participam.

Andrea Dorea – O Elas na Música é uma projeto muito especial para nós, pois somos 3 mulheres com trajetórias pessoais e profissionais distintas, mas que nos encontramos em um momento interessante para as três. Eu, por exemplo, venho da área de comunicação e marketing com formação pela FAAP e ESPM e hoje sou mestranda em Relações Internacionais pela UFBA. Tenho experiência profissional em diversos mercados, de energia a moda, e iniciei minha trajetória em 1992. Já tive 3 projetos culturais e de marketing premiados pela ABERJE, trabalho há anos com cultura e trabalhei por 6 anos no mercado internacional de moda e cosméticos como relações internacionais e cool hunter. 

Andrea Dorea. Foto: Direitos Reservados

Já Jaqueline Sangalo é advogada formada pela UFBA, com especialização internacional em gestão pela FGV/ISCTE e mestranda em propriedade intelectual pela UFBA. Jaqueline trabalha no setor de entretenimento há 30 anos e tem uma experiência riquíssima, que vai desde negociação de contratos internacionais para os 5 continentes até liberação de shows em diversos países, inclusive nos EUA, na China e no Japão. 

Jaqueline Salgado. Foto: Direitos Reservados

E a Cris Rizo que é radialista e tem formação em química, gestão e gastronomia, hoje comanda a rádio web mais acessada do país, a RockFM Brasil com 3 milhões de ouvintes mensais, e está a frente do Garagen’roll, programa de rock alternativo que tem audiência mensal de 1,5 milhão de ouvintes. 

Cris Rizo. Foto: Direitos Reservados

Nós 3 trabalhamos com consultoria para artistas e no Elas na Música nós levamos esse trabalho de forma gratuita para os artistas independentes. Todas as pautas e convidados são pensados e discutidos pelas três e, para essas definições, nós levamos em consideração as principais demandas do mercado, tendências e assuntos do momento. Temos um cuidado especial ao pensar o convidado ideal para cada pauta, pois queremos que o convidado se sinta acolhido e confortável no nosso espaço para que o conteúdo gerado pelo programa tenha um impacto positivo no público. Além das entrevistas, nós temos alguns quadros e outros conteúdos no nosso canal. 

A cada programa nós apresentamos dicas culturais e indicamos artistas e músicas, que além de serem divulgadas nos programas também são divulgadas nas nossas redes sociais e as músicas são acrescentadas na nossa playlist Elas Escutam. 

Como falei antes, temos também o Pílulas Dorea & Sangalo onde respondemos dúvidas do público. E estamos preparando mais novidades para os próximos meses que serão divulgadas em primeira mão para os nossos inscritos.

Confira a entrevista que o Elas na Música fez com Carlos Ferreira Jr, Supervisor Executivo de Mídias Sociais da Rede Globo, e Diogo Ramos, músico, compositor e produtor musical:

Siga o Elas na Música:
YouTube
Facebook
Instagram


SIGA-NOS NAS
REDES SOCIAIS