Publicado em 26/08/2020
Não é segredo para ninguém que a pandemia atingiu com força o mercado da música. Enquanto a música em si se consolida como uma importante aliada para as pessoas enfrentarem este momento difícil (saiba mais aqui), o mercado que a sustenta enfrenta grandes barreiras e limitações impostas pela nova doença.
Frequentemente abordamos esse cenário, inclusive tomando nossas atitudes para ajudar. Através da Campanha Artística Humanitária buscamos oferecer algum alento aos profissionais mais fragilizados (saiba mais aqui) e também integramos o time de associações, que junto do ECAD definiu algumas medidas de adiantamento de pagamentos e adiamento de cobranças (saiba mais aqui) para reaquecer o mercado.
O fato é que desde o começo da pandemia, com a interrupção súbita de todos os shows e eventos, a indústria tenta encontrar outros caminhos, mesmo que paliativos, para se manter em atividade. Com grande adesão inicial, as lives cumpriram um importante papel, mas aparentemente já passaram do seu auge, além de não serem muito vantajosas para boa parte da cadeia de profissionais.
Felizmente, com o gradual relaxamento da quarentena, algumas outras alternativas surgem. Os drive-ins, tão populares em outra época, ressurgem como uma forma segura de voltarmos aos eventos presenciais. Nas grandes cidades do país e do mundo os espaços estão sendo adaptados para receber as pessoas na segurança de seus automóveis e dar vazão não só para as necessidades do mercado da música, mas do entretenimento com um todo. Ainda é cedo para grandes conclusões, porém não é difícil calcular que o modelo possui suas limitações de escala e de acessibilidade para uma parcela considerável das pessoas.
Um pouco mais próximo da nossa antiga realidade, foi realizado o primeiro show presencial na Inglaterra pós-pandemia. Talvez ainda em caráter experimental, o evento procurou transmitir segurança seguindo uma série de medidas de isolamento social. O show do músico local Sam Fender aconteceu na Virgin Money Unity Arena em Newcastle. É um espaço novo, montado especificamente para oferecer uma experiência ao mesmo tempo segura e mais “livre” do que a alternativa dos drive-ins.
As pessoas entravam a pé, respeitando o distanciamento desde o estacionamento, e eram conduzidas por um membro da equipe usando máscara até o seu “cercado” designado, que podia ser compartilhado por pequenos grupos de amigos . Toda compra de ingressos, comidas e bebidas foi feita online e previamente ao evento, que reuniu 2.500 pessoas, mantendo uma margem bem segura de ocupação em relação a capacidade de 20 mil que o espaço comporta.
Mesmo com as limitações, todos os ingressos foram vendidos e outros shows já estão marcados no mesmo formato. Por ser o primeiro, certamente ajustes serão feitos, mas já serve de ponto de partida para outras iniciativas ao redor do globo e como parâmetro para o que veremos pelo menos no médio prazo.
Pode não ser a mesma experiência intensa que estávamos acostumados no passado, mas sem dúvidas vai aquecer os corações dos fãs saudosos e, mais importante, o mercado da música. Os profissionais de produção e backstage conseguem assim retomar boa parte das suas atividades interrompidas e voltam a ter uma nova perspectiva profissional.
O mundo, da música música inclusive, nunca mais será o mesmo. Os impactos práticos e até de visão da realidade e sociedade, nos leva para um caminho diferente do que estávamos seguindo. Coisas se perdem nesse desvio, porém outras mudanças que já vinham em curso foram aceleradas. É o momento de sermos resilientes e altamente adaptáveis para encontrar um novo equilíbrio. Claramente não é fácil, porém juntos temos mais chances de atingirmos o objetivo. Então, vamos lá!