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Sintonizando com Shelly Moreira

Foto: Direitos Reservados

A música vai além daquilo que podemos ouvir. Da captação do som à sua execução existe um árduo trabalho. E o Produtor Musical, Engenheiro e Diretor de áudio Shelly Moreira, conhece como poucos esse trabalho. Em entrevista exclusiva, ele nos conta sobre a sua trajetória, produções de grandes sucessos e projetos futuros.


Foto: Direitos Reservados

Antes do seu primeiro contato com um estúdio, a sua relação com a música já era diferente. O que despertou em você a curiosidade em descobrir os processos de gravação?

Eu sempre fui um apaixonado pelo áudio, pela forma que as minhas músicas preferidas soavam no aparelho de som lá de casa. Eu ficava tentando entender como aquilo era possível, qual era a mágica que acontecia dentro do estúdio que fazia com que aquelas músicas do Queen, por exemplo, que eu ouvia incansavelmente, soassem tão impressionante daquela forma. No começo eu achava que iria conseguir desvendar isso sendo músico, estudei guitarra e toquei em banda por um bom tempo antes de me tornar profissional do áudio, mas as oportunidades que eu busquei foi em trabalhar “behind the scenes” justamente aonde acontecia a mágica que eu queria descobrir.

Os primeiros obstáculos no início da carreira de um profissional do áudio são os custos elevados dos equipamentos, os recursos e, principalmente, a inserção no mercado. Qual foi o seu maior desafio e como lidou com ele?

Ainda na minha época de banda eu tive um home studio com a ajuda dos meus pais. Era algo totalmente amador sem muita técnica envolvida, não havia na época fontes de estudo e pesquisa como há hoje na internet, além dos valores de equipamentos profissionais serem muito caros. Nessa época eu experimentava de tudo fazendo produções para a minha banda e para amigos nesse home studio, essas foram minhas primeiras produções. 

Depois dessa fase eu fiquei afastado da música enquanto morei na Inglaterra. Quando eu voltei para o Brasil o cenário da música já estava bastante mudado principalmente na minha cidade em Campo Grande – MS com a música sertaneja em alta. Então o que eu fiz foi tentar me envolver o máximo que eu pudesse com pessoas que já estavam trabalhando com isso e foi quando eu pude agarrar as oportunidades que apareceram para trabalhar profissionalmente com áudio e também quando os maiores desafios vieram.

Eu tive a chance de já bem no início de trabalhar com grandes nomes do áudio e produção como Dudu Borges e Cláudio Abuchaim e no, meu caso, o maior desafio foi atender as expectativas deles sem ter um bom conhecimento técnico e obviamente eles sabiam disso. Outro desafio foi provar que mesmo sem grande conhecimento eu estava disposto a aprender a qualquer custo e o custo não foi baixo, morei no estúdio por anos, estava pronto a fazer o que precisasse ser feito e o resto foi consequência do meu esforço.

Me tornei gerente de um dos estúdio mais importantes de produção musical no segmento sertanejo no Brasil e graças a isso fui chamado pra gerenciar e formar equipe em outro estúdio, dessa vez em Goiânia, que consequentemente também se tornou conhecido pelos trabalhos importantes para grandes artistas sertanejos no Brasil.


Com Chitãozinho e Xororó. Foto: Direitos Reservados

Qual a mudança mais significativa nos processos de produção musical desde o início da sua carreira?

Sobre isso posso citar uma mudança técnica que foi a tecnologia ter evoluído a ponto de substituir os equipamentos analógicos, caros e limitados tão usados nas produções mundo a fora que eram sinônimos de produção de qualidade profissional, por softwares digitais que funcionam dentro do seu computador te possibilitando as mesmas coisas que equipamentos analógicos são capazes de fazer e ainda mais, por um custo irrisório se comparado ao valor dos equipamentos analógicos, trazendo muito mais agilidade e democratizando o processo de produção. Também existe um lado ruim em relação a isso, mas isso é outro assunto que podemos discutir em outra oportunidade. E artisticamente a grande mudança que eu destaco é a ascensão das mulheres na música sertaneja que sofriam uma grande resistência do mercado, pouquíssimas eram as mulheres que tinham destaque. Hoje elas estão no mesmo patamar que os homens no mercado, e na minha opinião são as melhores artistas do segmento.

Com a democratização da informação e equipamentos mais acessíveis, os “home studios” ganharam força, e cada vez mais ganham espaço no mercado. Como coexistir considerando que a concorrência tende a crescer?

Aí entramos no ponto ruim do avanço da tecnologia que como consequência trouxe essa situação que colocou ferramentas nas mãos de pessoas despreparado. A experiência com conhecimento de todo o processo de produção se torna um diferencial, coisa que a tecnologia por si só não te dá, levam-se anos para adquirir. 

Além disso é muito importante buscar se diferenciar dos demais. Artisticamente falando. Fugir do óbvio. Estamos falando de arte e a tecnologia é uma aliada no processo de produção, porém a inspiração está dentro de nós. Somos nós quem controlamos as ferramentas, que embora estejam acessíveis a todos, a inspiração e musicalidade está dentro de nós artistas, produtores e músicos. 

Na música não deve haver concorrentes. São artistas que querem transmitir uma mensagem e tocar as pessoas com sua arte. A função do produtor é viabilizar isso para o artista, independente das ferramentas que serão usadas. O relacionamento com o artista e a capacidade de entender a necessidade dele é primordial para entregar o que ele quer.

Você trabalhou com grandes nomes da música sertaneja, além de artistas internacionais de sucesso. Qual dos trabalhos mais marcou sua carreira?

Tenho muitas realizações que me deixam orgulhoso na minha carreira e agradeço muito as pessoas que me ajudaram na minha formação profissional, me ensinando e me dando oportunidades, além da minha família, principalmente minha mãe Dona Geni quem sempre me apoiou e acreditou em mim. Graças a tudo isso eu pude fazer parte de projetos de artistas que entraram para história da música popular no Brasil. Para citar alguns: a gravação do DVD Coração Apaixonou do João Bosco e Vinícius em 2009 foi o primeiro grande DVD que trabalhei na vida, o sucesso hit mundial “Ai se eu te pego” do Michel Teló me levou com ele para uma turnê mundial, a gravação do DVD “Live in the Royal Albert Hall” do Jorge e Mateus em Londres foi um dos momentos mais lindos da minha carreira. A primeira vez que gravei o cantor Bruno da dupla Bruno e Marrone foi do closet do quarto dele e fiquei muito impressionado, o DVD do Cristiano Araújo “In the Cities” foi uns dos mais trabalhosos que tive e o resultado é lindíssimo, DVD Luan Santana Acústico é um clássico que reuniu um time com os melhores profissionais do Brasil e alguns internacionais também. Todos os trabalhos com o Gabriel Diniz foram um enorme prazer, estar perto dele era diversão na certa. Os trabalhos com a dupla Bruninho e Davi tem sabor especial porque são amigos. Através do Bruninho eu tive a oportunidade de trabalhar profissionalmente em estúdio e tenho uma eterna gratidão e admiração por eles. Ter feito parte dos primeiros sucessos da cantora Naiara Azevedo e Felipe Araújo me fizerem aprender muito sobre os desafios de posicionar um artista no mercado. Foram muitos projetos indicados a Grammy, ganhadores de Grammy Latino e Billboard Awards e vários prêmios nacionais. Ter o nome na ficha técnica de artistas internacionais consagrados como Maná e Henrique Iglesias não tem preço para alguém que saiu lá de Campo Grande e limpou mesa suja de gringo quando morava em Londres, rs.


Com Luan Santana e Michel Teló. Foto: Direitos Reservados

Entendendo a importância do surgimento de novos artistas e profissionais, bem como as dificuldades encontradas no início de uma carreira, seja em cima de um palco ou dentro de um estúdio, você tem em mente um projeto que visa revelar novos talentos. Conta para gente um pouco desse trabalho.

Sim tenho. Em breve estará no ar meu canal no YouTube onde vou compartilhar o meu conhecimento, experiências e trazer meus colegas profissionais para compartilharem um pouco de seus conhecimentos também. Vai ser um conteúdo de muito valor para quem quer ser profissional do áudio, quer aprimorar seus conhecimentos ou é apenas curioso no assunto e quer saber como funciona uma produção musical. Nesse canal vou falar também sobre o que a acontece depois que a produção está pronta, dar dicas que como fazer a sua obra chegar no seu púbico e atrair parceiros. 

Além disso, estou trabalhando num projeto musical com o meu amigo e produtor Joe Junior onde a gente convida alguns artistas, artistas que não estão no mainstreaming mas tem a nossa admiração e respeito para gravar uma música produzida pela gente. Essa também vai ser a oportunidade para gente descobrir novos talentos que ainda não tem um material profissional no mercado.


Confira um pouco do trabalho de Shelly:

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Com Guimê e Bruninho. Foto: Direitos Reservados

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