Mais uma vez casos policiais chocam o planeta e evidenciam o racismo estrutural arraigado em nossa sociedade. Tristeza e indignação tomam conta de todos aqueles que estão cansados das injustiças e desigualdades praticadas diariamente em nosso país e no mundo.
Manifestações, debates e também a música dão voz às angústias do povo negro, mostrando seu valor, expondo e se impondo perante a dura realidade de violência e exploração há séculos perpetuada.
Separamos alguns novos personagens da nossa música, ainda não muito conhecidos do mainstream, mas que já causam grande impacto através do grande talento e mensagens de ruptura com status quo perverso em que nos encontramos.
Eles seguem os passos de tantos outros nesta incessante disputa, mostrando coragem, resiliência e fé em um futuro melhor. Merecem sua atenção plena, além de sua colaboração. Basta de racismo e barbárie. Espalhe as palavras de resistência e mudança. Vidas negras importam.
Edgar
Há 5 anos batalhando em sua carreira independente, o rapper paulista está há 2 ganhando maior projeção nacional. Adepto a se apresentar pintado e fantasiado com cores e elementos de matriz africana, Edgar foge dos padrões com um rap verborrágico e pautado na conexão e renovação do planeta.
Sua participação no álbum “Deus é Mulher” de Elza Soares, com a co-composição “Exu nas Escolas”, abriu portas para o artista expor mais amplamente sua arte. Gravou o disco “Ultrassom”, com produção de Pupillo Oliveira do Nação Zumbi, com destaque para os singles “Plástico” e “O Dia é Meu” (em parceria com Céu).
Vale também conferir seus trabalhos anteriores apresentados em forma de curta-metragens no YouTube.
Jup do Bairro
A atriz e cantora trans tem na colaboração um importante fator da sua arte. É o caso do EP “Corpo Sem Juízo”, que após o lançamento original ganhou 3 novas interpretações de JLZ, o duo Cyberkills e por Vinex. O próprio projeto ganhou vida através de financiamento coletivo e pôde expor esse trabalho que é uma das primeiras composições da artista, mas que levou quase 10 anos para levar a mensagem de liberdade e coletividade que prega.
Seus mais recentes trabalhos, “Vou Te F****” (com Badsista) e “All You Need Is Love” (com Rico Dalasam e Linn da Quebrada) continuam seu combate a qualquer tipo de discriminação e mais do que valem o play.
Malía
Carioca da Cidade de Deus, a compositora e cantora de 20 anos chegou fazendo barulho com sua voz marcante na pegada de R&B e hip-hop. Lançou seu primeiro álbum, “Escuta”, ano passado e de lá pra cá foram grandes conquistas.
Participou belamente do Rock in Rio em show solo no Palco Favela, teve 3 músicas (“Dilema”, “Arte” e “Faz uma loucura por mim”) usadas nas novelas da Rede Globo, além de gravar parceria com a musa Alcione.
Seu mais recente trabalho, “Vem Cá”, é uma balada romântica de composição própria, gravada em voz e piano, que mostra todo seu talento e certamente vai te conquistar.
Djonga
O rapper mineiro é provavelmente um dos nomes mais influentes do rap nacional na atualidade. Com lírica afiada, marginalizada e agressiva e fortes críticas sociais nas letras, Djonga rapidamente conquistou o respeito e admiração de seus pares, além de muitos fãs.
Há quase 10 anos compondo, foi seu álbum de estréia, “Heresia”, que o lançou para a cena nacional com uma forte mensagem de empoderamento negro.
Desde então não parou de produzir e fazer sucesso. Seus álbuns seguintes: “O Menino Queria Ser Deus”, “Ladrão” e “História da Minha Área” são a continuação da sua caminhada por expor e combater as injustiças contra os negros.
Em Sintonia
Outros vários artistas desempenham papel semelhante neste cenário e já passaram por aqui no nosso “Sintonizando” (mais aqui). Lá você vai poder entender melhor suas trajetórias e pensamento.
Então não perca tempo e aprenda um pouco mais sobre Rashid, Linn da Quebrada, Rincon Sapiência e os vários outros que se juntarão ao projeto e à esta ideia de uma sociedade mais justa e igualitária. Vidas e vozes negras importam! Não deixaremos nunca de repetir.