Sempre envolvida com as artes, Luciana Mello comemora 35 anos de carreira com novos projetos. Em entrevista exclusiva para a Sintonizando, Luciana fala sobre seu processo de criação, das parcerias de sucesso e como é ser artista independente no Brasil.
Você começou a sua carreira muito cedo, aos 05 anos. E sempre esteve envolvida com artes (música e dança). Como foi a sua trajetória artística?
Em 2020 eu comemoro, com novos trabalhos, 35 anos na música, desde a minha primeira gravação com Jair Rodrigues. Foram inúmeras participações, 7 discos solo e um DVD que estou produzindo em comemoração a tantos anos de história, com registros de momentos incríveis que vivi ao longo dessa trajetória.
O Projeto Artistas Reunidos, formado por você com Jair Oliveira, Wilson Simoninha, Max de Castro, Daniel Carlomagno e Pedro Mariano, e com convidados especiais foi um grande sucesso de público e de crítica também. Conta para gente como foram os bastidores desses encontros memoráveis.
Foi uma época muito bacana e éramos todos amigos. Os meninos iam jogar futebol no final do dia e ia todo mundo para o barracão na casa dos meus pais que tinha bateria e todos os instrumentos do meu pai, muitos compositores, muitos músicos e a gente acabava se reunindo ali para tocar e mostrar músicas novas, e a primeira vez que surgiu a ideia desse projeto, o Simoninha fez um show no antigo Cround Plaza e disse “olha! Queria chamar meus amigos aqui no palco para a gente fazer o que fizemos sábado passado na casa do Jair Rodrigues”; e a segunda apresentação foi no Supremo Musical, um lugar que, infelizmente, deveria ser tombado da cultura brasileira, tantos artistas incríveis passaram por lá também, e eu fui a primeira convidada e no primeiro dia dos Artistas Reunidos no Supremo. Na segunda semana eu fui efetivada, só tinham os meninos. Foi uma época muito legal, uma movimentação que a gente fez de fazer coisas que a gente gostava, coisas dos nossos trabalhos, uma reunião de amigos mostrando o que gostávamos e sabíamos fazer, e aí tínhamos os ensaios, músicas novas, o “Simples Desejo”, “Calados”, que nasceram lá, foram músicas que eu acabei gravando no meu segundo disco solo, mas o primeiro que as pessoas conhecem que é o “Assim Que Se Faz”, e foi uma época incrível e muito importante, uma movimentação muito legal da cultura, da música brasileira e da arte em São Paulo. Dali também nasceu A Trama, com João Marcelo Bosco, mais um filho de artista entrando para o time que fez essa gravadora com o André, e aí fomos os 6 primeiros artistas contratados pela gravadora. Foi uma época muito importante para as nossas carreiras.
Você disse em uma entrevista que a escolha do repertório é a parte mais difícil de um artista. Como você escolhe o seu repertório? Você tem compositores parceiros?
É uma parte difícil porque são muitas músicas boas, muitas coisas que a gente recebe quando vamos fazer um disco, de compositores que a gente conhece e eles indicam outros, amigos, e é um trabalho que o artista faz com o produtor do disco que é bem importante, a hora mais importante de fazer um disco é escolher bem o repertório, saber bem o que você quer, fazer uma lista, uma espinha dorsal para depois fazer o corpo. Então realmente é uma parte bem difícil. Mas a gente tem os compositores, já gravei muito e se Deus quiser vou continuar gravando a vida inteira, o Jair Oliveira, meu irmão, compositor de mão cheia. Não é porque é meu irmão não, mas é um grande compositor, o modo como ele escreve, o modo como ele compõe é muito parecido com o que eu gosto bastante e outros compositores que eu já gravei bastante, como o Edu Tedeschi, compositores novos, compositores antigos, gente que está aí há muitos anos, regravações, enfim. Graças à Deus tenho compositores aí, pela história de vida, pela carreira e tudo mais, então tenho as portas abertas, e com quem a gente gosta e que já fizeram canções que fazem parte da nossa vida. Mas realmente é a parte mais difícil, mais importante e que a gente tem que dar muita atenção.
Você participou de documentários para o Jair Rodrigues em 2019. Como foi esse projeto? Como foi reviver tudo isso e prestar a sua homenagem?
Eu participei de um que foi dirigido por um grande diretor de cinema, que também foi diretor do meu pai num dos filmes que ele fez e foi lançando um pouco antes dele falecer que chama-se “Super Nada”. Mas estou produzindo desde 2018 “Jairzão”, um documentário sobre a vida do meu pai sob o olhar dos filhos dele, o meu e o do Jair, contando um pouco da história dele, descobrindo coisas, histórias, pessoas. E agora estamos buscando patrocínio. 2019 foi um ano muito difícil para a cultura brasileira. 2020 também está sendo um pouco agora, mas se Deus quiser vai melhorar. E assim realizar esse documentário e contar um pouco da história desse grande homem, que não é só porque é meu pai, ele é parte fundamental da história, da música, da cultura brasileira, o que ele fez pela música, o que ele fez pela arte no Brasil, então é fundamental contar a história desse homem que só levou alegria para as pessoas. Tem sido muito emocionante e muito lega e inspirador ver pessoas contando as histórias com o maior orgulho, prazer. Estou produzindo esse documentário junto com Santa Rita Filmes, o diretor se chama Alexandre Sorriso e toda a equipe dele, os câmeras, o pessoal da produção, gente realmente com garra, querendo trabalhar e que gostava muito do trabalho do Jairzão, querendo fazer com todo o amor possível. É um documentário feito com muito amor realmente de todo mundo. Não só nosso, obviamente da família, mas de todas as pessoas que estão envolvidas nesse documentário e se Deus quiser, em 2012 a gente consegue lançar.
A gente sempre faz essa pergunta porque ela inspira novos artistas. Como é ser um artista independente no Brasil?
Ser artista independente no Brasil é realmente muito difícil. Ser artista independente no geral requer muita organização, saber muito o que você quer, porque você está independente, você trabalha com quem você quer, a hora que você quer, então tem que ter muitas pessoas incríveis que você confia, trabalhando perto de você, porque tudo é na nossa mão. É muito bacana e legal ter essa liberdade, mas acho que toda liberdade vem com muita responsabilidade. Então você tem que ter essa responsabilidade de fazer o seu trabalho do jeito que você quer buscando apoio e parceria com gente que pensa igual você e é bem trabalhoso mas é muito legal. Tem essa parte da liberdade de você poder fazer aquilo que você quer. A internet está aí pra ajudar a gente, ajudar o artista independente a mandar o trabalho dele para todo o mundo e pra onde ele quiser que as pessoas escutem. Então tem essa possibilidade hoje em dia que é muito legal. A gente tem que trabalhar bastante. Tem por exemplo o documentário do meu pai que ficou um ano parado, a gente depende de patrocínio, de lei de incentivo e quando têm mudanças governamentais a gente também é afetado, como todas as pessoas mas a cultura é bastante afetada em momentos de crise como esse, por exemplo, a cultura é a primeira coisa que as pessoas deixam de lado então é bem trabalhoso, a gente tem que trabalhar bastante para conseguir um lugar ao sol.
Fale um pouco sobre os seus novos projetos.
Toda semana tem novidades no meu canal do YouTube (youtube.com/lucianamello) e em breve a gravação, o registro desse show comemorativo com participações ultra especiais que eu ainda não posso falar quem são mas são super especiais que eu admiro, pessoas importantes na minha carreira, muita coisa legal. Vai passear um pouco também pela dança que eu sempre fiz, eu sempre gostei. Dança, teatro, enfim a música, estar no palco que é um pouco da minha vida.
Confira alguns destaques do trabalho da Luciana:
Tendência – Luciana Mello (Sambabook Jorge Aragão)
Luciana Mello – Jóia Rara (Videoclipe Oficial)
Luciana Mello – Sufoco (Lyric Video)