Camilla Faustino é considerada uma das mais belas vozes da “Nova MPB”. Parceira de palco de Toquinho, essa Goiana vem surpreendendo pela sua facilidade de transitar por diversos estilos musicais, sempre imprimindo a sua identidade. Seu último álbum “Bossa, sempre Bossa”, uma homenagem aos 60 anos de Bossa Nova, foi indicado ao Grammy Latino. Nesse entrevista descontraída, Camilla fala das suas referências, sua sinergia com Toquinho e dos projetos que tem em comum.
Como foi o início da sua carreira? Quais foram as suas principais influências musicais?
Comecei a cantar com 4 anos de idade. Cantava em igrejas, na escola, nas reuniões familiares e de amigos e para público me apresentei pela primeira vez com 5 anos, em um evento da prefeitura da cidade onde morava. Com 8 anos minha mãe começou a me inscrever em festivais de música, onde participei até os 12 anos, sempre garantindo o primeiro ou segundo lugar. Nessa última idade, fui introduzida na televisão pela primeira vez, em rede nacional, no programa Gente Inocente (Rede Globo), onde fiquei pelo período de 1 ano. Foi a partir dessa época que eu tive uma noção maior do que era ser cantora profissionalmente e foi aí que eu me estabeleci na profissão.
Minhas maiores influências musicais não foram exatamente cantores. Sempre amei a Marisa Monte, desde os 11 anos quando a ouvi pela primeira vez cantando “Amor I love you”, ou Elis Regina cantando “Fascinação”, “Casa no Campo” ou o “Bêbado e a Equilibrista”, assim como já amava Gonzaguinha e Toquinho. Cantei minha primeira música com 5 anos, da dupla Sandy e Junior que foram meus ídolos na infância e adolescência. Mas minhas maiores influências mesmo foram minha mãe Suely, meu padrasto Xavier na época, meu irmão Thiago e minha Tia Zenith. Eles sim, me apresentaram o mundo musical como conheço hoje e como reproduzo.
Como foi ter participado do Programa do Raul Gil, onde você conseguiu atingir um público enorme? Como esse programa te ajudou na construção da sua carreira?
Foi uma experiência realmente edificante e transformadora. Eu pude me conhecer ainda mais no palco, testar habilidades, desenvoltura, versatilidade e de quebra levei uma bolada de 50 mil reais como campeã depois de quase 6 meses de competição (rs). Além do mais, o programa me abriu grandes portas, me tornou mais conhecida e me apresentou Toquinho, com quem canto há mais de 3 anos e que catapultou ainda mais minha imagem artística.
Você é uma cantora muito versátil, gosta de transitar por diversos estilos musicais. As interpretações de músicas como “Palpite” e “Despacito”, apesar de muito conhecidas do público, chegaram com uma “roupagem” diferente que imprimem também a personalidade da Camila. Fala um pouquinho sobre a sua facilidade de fazer um pouco de tudo.
Eu sempre admirei cantoras como Cassia Eller e Marisa Monte que cantavam desde samba ao rock e nunca eram rotuladas porque tinham personalidade suficiente para imprimirem suas identidades em tudo o que faziam, assim, não imitavam ninguém e tampouco se limitavam ou se prendiam a um estilo especifico. Creio que tenho isso. Tenho a personalidade pessoal e vocal necessárias para transitar por estilos diversos sem perder minha identidade. Além do mais, como o universo da música popular brasileira, onde fui inserida desde pequena, é bem vasto e sortido, nunca tive muita dificuldade em passear por todo tipo de canção deixando sempre minha marca. Que sorte!
Você tem excursionado o Brasil e o mundo em um duo incrível com o Toquinho. Como é dividir o palco com um dos maiores ícones da música brasileira?
É diversão pura. Nunca foi um desafio cantar com ele, nem me causou qualquer tipo de temor ou apreensão por estar ao lado dele. Sempre tive ele como um dos meus maiores dolos desde a infância. Mas hoje, adulta, poder experimentar a responsabilidade de subir ao palco ao lado dele é bem fácil e muito pouco ou quase nada assustador. Primeiro porque ele facilita tudo. É uma pessoa simples, sem frescuras, doce, divertida, pragmática, flexível e muito fácil de lidar. Segundo porque temos um entrosamento e afinidade que deixa tudo fluir natural, como deve ser. E depois, eu sei que tenho talento o suficiente para estar ao lado dele, senão ele jamais teria me escolhido, e humildade para aprender e crescer sempre com tudo o que ele pode me ensinar. Antenas sempre ligadas! As viagens são gostosas, a gente come bem, ri muito e de quebra ganha um dinheirinho, como ele mesmo fala (rs). Não posso definir de outra maneira: é divertido e enriquecedor trabalhar e estar com ele.
Seu trabalho mais recente, Bossa sempre Bossa, lançado em 2019, foi uma celebração aos 60 anos da Bossa Nova. E só tem clássicos. Conta um pouco mais sobre esse trabalho, omo foi a escolha do repertório e a indicação ao Grammy?
Foi um trabalho vislumbrado e executado pelo Marcos Maynard e Luiz Carlos Maluly que escolheram 4 personagens jovens para refrescar um pouco mais a bossa nova, numa coletânea de alguns sucessos dessa atmosfera nascida em 58. Ficamos 5 horas num estúdio, gravando ao vivo, sem retoques e sem repetições, tudo cru e rápido. Para dar a sofisticação que toda bossa que se preze requer, ficou em preto e branco todo o DVD, que tem 14 músicas, sendo 2 delas, “Girl from Ipanema” e “Samba de Verano” em inglês e espanhol respectivamente, para quiçá apanharmos a sorte e o privilégio de um Grammy. O Grammy não veio, mas o trabalho não deixa de ser bonito e elogiado por quem o ouve. Foi apenas um projeto de 1 ano, em homenagem aos 60 anos da bossa que cumpriu sua função e foi bem divulgado em alguns programas de televisão de renome, como “The Noite com Danilo Gentili” e “Programa do Ratinho”. Tendo sido ainda executado em alguns países como Portugal e Rússia. Muito proveitoso!
Quais os seus projetos futuros? Já pode dar um “spoiler”?
Com o Toquinho, tenho duas músicas gravadas para o disco inédito que será lançado nos próximos meses, junto com a cantora Maria Rita. Depois, eu e Toquinho estamos com muitos outros projetos interessantes paralelos. Ademais, sempre tive minha carreira individual que está bem dirigida com boas perspectivas futuras que logo serão divulgadas.
Confira alguns destaques do trabalho da Camilla Faustino:
Camilla Faustino – Palpite (Clipe Oficial)
Camilla Faustino – Despacito
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