Várias novidades foram trazidas para o mercado fonográfico pelo advento das plataformas de streaming. Como exemplo, podemos citar as playlists personalizadas, as bibliotecas “infinitas” de músicas, álbuns mais curtos (veja aqui), um novo boom de artistas independentes (veja aqui e aqui) e a maior valorização de ídolos locais (veja aqui e aqui).
Além desses, outra novidade, que poderia passar despercebida, foi observada pela equipe do Mundo da Música. Através de uma análise feita nos rankings de músicas mais tocadas no Spotify, YouTube e Deezer, identificaram uma tendência crescente por introduções mais curtas. Veja os resultados encontrados.
Foi levado em consideração o ranking semanal, Top 200, da última semana de outubro. As 10 primeiras do ranking tem uma média de 8,3 segundos de introdução.
Número que é puxado para baixo pelas duas primeiras posições: “Surtada – Remix Brega Funk” de Dadá Boladão (5 segundos) e “Supera” de Marília Mendonça (apenas 3 segundos).
No geral, de todos os singles mais ouvidos, 40% possuem uma introdução um pouco mais longa, de 12 segundos, como é o caso de “Gaiola É o Troco” de MC Du Black.
A média aqui é um pouco mais alta. São 9,9 segundos, considerando o ranking ‘Top Músicas’ do mesmo período.
As introduções mais longas (se é que dá para chamar de longa!) são: “Milu” de Gusttavo Lima (20 segundos), “Cobaia” de Lauana Prado (17 segundos) e “Invocada” de Ludmilla (14 segundos).
Nesta lista também foi possível observar uma leve tendência das músicas sertanejas terem introduções um pouco mais longas. De qualquer forma, se mantendo na casa dos poucos segundos.
A “Top 100 Brazil” foi a playlist analisada nesta quarta (06/11). Mesmo com a primeira do ranking sendo “Some Que Ele Vem Atrás” de Anitta e Marília Mendonça (12 segundos), a média é ligeiramente mais curta, com 8,1 segundos.
O motivo está nas campeãs de agilidade, “Supera” e “Lençol Dobrado”, ambas com apenas 3 segundos de introdução.
É difícil afirmar os motivos. Pode ser só coincidência, uma moda passageira, ou um caminho definitivo. O fato é que as músicas, assim como suas introduções, estão em média mais curtas.
As conclusões mais óbvias vem da correria dos tempos atuais. Sem muito tempo para perder, isso se reflete nas músicas, que vão direto ao ponto, gastando o mínimo de tempo na introdução, apenas citando o nome da própria música, do artista, produtoras musicais, seja em caso de parceria, ou não.
Com muitas opções de músicas e novos artistas, talvez estejam saindo na frente os que captam mais rápido a atenção do público. Por outro lado, aquelas introduções mais longas, geralmente instrumentais, típicas dos anos 80, proporcionavam uma experiência mais rica, envolvendo o ouvinte antes da entrega real.
É muito uma questão de gosto e percepção de cada geração. Assim como nas roupas, as modas vão e voltam. É possível que em algum momento esta agitação acelerada nos canse e voltemos a apreciar um pouco mais a experiência musical como um relaxamento. Acontecendo ou não, o importante é a música continuar sua trajetória, como manifestação cultural do cotidiano das pessoas.
Fonte: Mundo da Música