Em toda festa de Carnaval tradicional, duas coisas são certas: muita animação e marchinhas de João Roberto Kelly. Associado da ABRAMUS, o compositor é o nome por trás de sucessos que animam os foliões há décadas, como “Cabeleira do Zezé”, “Mulata Iê Iê Iê” e “Maria Sapatão”.
O carioca, que completa 80 anos em junho de 2018 e faz parte do cenário musical brasileiro há mais de 50, já preparou um novo hit para o Carnaval deste ano. A música, chamada “Alô Alô Gilmar”, brinca com as crises políticas do Brasil e faz referência às ações de Gilmar Mendes, Ministro do Supremo Tribunal Federal.
Como toda marchinha de respeito, a letra é divertida, animada e fácil de cantar. O refrão diz: “Alô, alô, Gilmar, eu tô em cana, vem me soltar. Eu roubei, eu roubei, eu roubei. Não estou preso à toa. Mas no mundo não tem quem escape de uma conversinha boa”.
Um pouco de história
Aos 11 anos, João Roberto Kelly começou a tocar piano com a ajuda da mãe e a da avó. O artista pegou gosto pela coisa e estudou mais sobre música no Conservatório Brasileiro de Música, no Rio de Janeiro (RJ).
Em 1961, a canção “Boato”, escrita pelo carioca, foi gravada por Elza Soares. No ano seguinte, a música também entrou para o LP “Sax Voz nº 2”, de Elizeth Cardoso e Moacyr Silva. Elizeth ainda gravou outros sucessos escritos por João Roberto Kelly, como “Esmola” e “Se Vale a Pena”.
Em 1963, o compositor foi trabalhar na TV Excelsior, onde ficou responsável pela criação de músicas para aberturas de programas de televisão. Nos anos seguintes, recebeu o convite de Chico Anísio e de Carlos Manga para sonorizar os quadros do programa humorístico My Fair Show. Depois, gravou sucessos como “Cabeleira do Zezé” e “Joga a Chave, Meu Amor”, que estouraram nas festas de Carnaval.
Em 1965, outros dois hits do artista carioca fizeram sucesso. Emilinha Borba gravou a famosa marchinha “Mulata iê-iê-iê” e Dalva de Oliveira interpretou “Rancho da Praça Onze”. Em 1967, a música “Colombina iê-iê-iê”, em parceria com David Nasser (e que também foi gravada por Roberto Audi), foi uma das mais tocadas do Carnaval daquele ano.
Depois de escrever letras de sucesso e atuar como apresentador de programas de televisão, João Roberto Kelly fez uma série de shows nas principais capitais do Brasil. Entre as décadas de 1970 e 1980, o artista passou por mais de 100 cidades do Rio de Janeiro com o espetáculo “Rio Dá Samba – Kelly e Mulatas”.
Em 2015, ele lançou o livro “Cabeleira do Zezé e outras histórias”, no qual conta uma série de eventos vividos ao longo de sua grande carreira. Entre novas marchinhas, participações na televisão e homenagens em escolas de samba, o associado da ABRAMUS continua animando a vida dos brasileiros que não dispensam uma boa marchinha de Carnaval.
Por Agência Entre Aspas