Compositor, cantor, arranjador, pianista e especialista em produzir jingles de sucesso – aqueles que grudam na mente e deixam todo mundo cantarolando – Chico Adnet é um artista versátil e talentoso!
Em seu álbum “Triste”, lançado em 2023, ele apresentou ao público de forma sensível um trabalho autoral e melancólico. Em uma conversa descontraída com a Abramus, Chico compartilha suas habilidades no campo musical e fala sobre seus projetos futuros.
Confira a entrevista completa!
1- Você é um músico multifacetado: compositor, cantor, arranjador e pianista. Ao longo dos anos, ganhou destaque não apenas na criação de trilhas e jingles, mas também lançando álbuns.
Como surgiu a oportunidade de explorar caminhos musicais distintos e o que mais o encanta no processo de desenvolvimento de cada um deles?
R: Os caminhos distintos talvez se devam ao fato de ser brasileiro, sabe? Brasileiro tem que “jogar nas 11”. Trabalhar no que puder pra sobreviver. Eu era muito jovem e cantava no Céu da Boca, conjunto vocal com 10 integrantes. O dinheiro já era pouco e ainda tinha que dividir por 10. Então, minha mulher ficou grávida. Eu não tinha 21 anos, fui correndo procurar estúdios que produziam jingles pra ver se eu arranjava dinheiro o mais depressa possível. Assim surgiu o jinglista. A ameaça da fome opera milagres.
Depois desenvolvi trabalho em trilhas pra TV, gravei minhas coisas com orquestra; enfim, saí fazendo as coisas todas. Acho que sou muito privilegiado. Agradeço todos os dias pela sorte que tenho!
2- Qual o maior desafio para criar jingles de sucesso, que cumpram o papel de cativar, emocionar e se tornarem duradouros na memória das pessoas?
R: O maior desafio pra mim foi entender que no jingle a gente utiliza a música pra carregar uma mensagem de venda. A música é apenas uma linguagem ali; quer dizer, o músico não pode pretender fazer uma coisa que simplesmente agrade a ele, músico. Tem que vender! Mas fórmula de sucesso? Não sei, não.
3- Em 2023 você lançou o álbum autoral Triste. O disco inclui as músicas “Dois Tatuzinhos”, em homenagem aos seus filhos gêmeos, e “Companheiro de Viagem”, baseada nas suas lembranças da época da infância do seu filho Marcelo Adnet. Quais são suas considerações sobre o álbum? Pra você, como é expressar seus sentimentos por seus filhos por meio da música?
R: O álbum é uma forma de expressar o que a minha tristeza produziu. Tristeza que não está mais em mim. Tristeza que é de todos os seres viventes, com é preciso expressar, aceitar e conviver. É melhor ser alegre que ser triste, como dizia Vinícius; mas não creio em gente alegre que não sabe também ser triste.
E fazer música para os meus filhos foi sempre muito natural. Também tenho uma canção pra minha filha Luiza.
4- Fale sobre seus projetos futuros. O que as pessoas que admiram o seu trabalho podem esperar para os próximos meses?
R: Tenho um projeto com meu irmão, Mario Adnet, que será gravado em setembro no estúdio da Biscoito Fino e lançado em novembro. É uma homenagem aos criadores da música, que acabou se tornando a mais popular do Brasil, o samba. Logo vamos começar a divulgar. Acho que pode ser uma coisa relevante e divertida também.
5- Como tem sido sua experiência como titular da Abramus, você sente que ser titular proporciona proteção e apoio em sua carreira musical?
R: A Abramus hoje é uma grande parceira que tenho. Desde o início usei a Abramus para me informar, pra reclamar de tudo, pra questionar tudo com o Ecad (e quando falo em reclamar do Ecad estou dizendo em ajudar a aperfeiçoar a instituição, que é uma das melhores do mundo em arrecadação e distribuição). E hoje, além de tudo, a Abramus ainda me ajuda a pensar onde estão os melhores trabalhos a prospectar.
Recomendo a todos os criadores de música que não deixem de procurar suas sociedades. É fundamental pra gente se organizar e começar a pensar em termos voz nas grandes questões e problemas do direito autoral, que se apresentam hoje.