Publicado em 13/01/2021.
Ele tem uma carreira consolidada além de ser super engajado com as causas sociais, principalmente as relacionadas a cultura Afro. Da Ghama, um dos fundadores da banda Cidade Negra, em entrevista exlusiva para a Abramus, fala sobre as suas inspirações, sua história com o Reggae brasileiro e seus novos projetos.
Qual a importância e influência dos seus pais na sua carreira e personalidade?
A importância dos meu pais foram determinantes para a formação da minha personalidade pessoal e artística, principalmente por parte da minha mãe no que diz respeito a justiça, auto estima, o respeito ao próximo, o estimulo “pra ir a luta na vida”. Meu pai, embora pedreiro profissional, era um grande músico. Tocava muito bem cavaquinho e violão. Lembro que quando criança ficava brincando com o seu violão, adorava! Então vem daí as influências.
Quais suas influências e inspirações para compor?
São várias! Tenho Djavan, Gil, Benjor, Clube da Esquina, Bob Marley, Peter Tosh são os mais presentes como grandes referências de compositores. As minhas inspirações são o meu dia a dia, a minha história como um artista preto que vem de periferia e que já viveu várias experiências. Eu achei importante ilustrar essas histórias através da poesia, e claro também o lado romântico. Sempre fui apaixonado pela vida, pelos amores de juventude até os dias de hoje com a minha amada esposa.
Como fundador do Cidade Negra, uma das maiores bandas de reggae do Brasil, como você vê o reggae brasileiro hoje?
Hoje vejo o reggae muito mais presente não só pelo fato da internet contribuir, viabilar a pulverização, mas também pela assimilação da mensagem que essa atual geração tá percebendo a importância do reggae não só como ferramenta de ação social, mas também como um grande veículo de propagação do amor.
Em 2009, após mais de 20 anos de banda, você decidiu se desligar e partir para carreira solo. Como foi este processo para você?
Foi um processo bem natural, até por que os sinais internos já vinham se mostrando… Diante disso fui elaborando o meu trabalho paralelo ao grupo. Quando aconteceu a ruptura de vez eu já estava pronto pra caminhar e dar sequência a história do reggae no Brasil.
Qual a importância de um artista se engajar politicamente?
A importância é você poder contribuir socialmente e compartilhar as suas experiências de vida, no meu caso como um artista que vem da Baixada Fluminense, filho de empregada doméstica e pai pedreiro. Pessoas que não tiveram oportunidades por serem pretos e pobres. Diante disso acho mais que importante ter uma atitude política no trabalho, e se possível supra partidário.
Você é um defensor da importância da lei No 10.639, que estabelece as diretrizes e bases da educação para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”. Como você vê a importância de ações focadas nesta implementação chegarem a esfera pública e se transformarem em política de Estado?
Vivemos em um país em que, segundo o IBGE, é a segunda nação Afro no mundo depois da Nigéria. Somos 55% dessa população Brasileira, onde não somos inseridos de uma forma equilibrada em diversos setores da sociedade. E o ensino Afro é simplesmente para que o Brasil possa se descobrir cada vez mais, as histórias de contribuição Afro Brasileira na nossa educação, na nossa formação. O eurocentrismo faz parte da estrutura educacional Brasileira de grande negação da contribuição afro Brasileira. Sendo assim, com certeza, o Brasil vai ganhar muito no sentido da sua própria descoberta que foi negada diante do ensino “oficial”.
Você acha que esta implementação é satisfatória, ou ainda faltam recursos didáticos, por exemplo?
Com certeza essa implementação é satisfatoria e existem recursos didaticos a serem explorados. Temos varios educadores pretos com essa formação especifica, que está dispostos a colaborar.o que precisamos é do sistema do ensino Brasileiro esta cada vez mais aberto para esses profissionais educadores que vem de longa historia do movimento Negro Unificado que é o (MNU) defendendo essa ideia para que possamos te um Brasil melhor.
No seu projeto social MPP- MÚSICA , POESIA E PALESTRA, realizado em escolas municipais, você ajuda a ressaltar e difundir a importância da cultura afro-brasileira na nossa sociedade. Conte mais sobre este projeto e qual a importância dele para estes jovens?
A ideia é, além de difundir a importância da cultura Afro Brasileira, fazer com que os jovens elevem a sua auto estima como pretos que tem uma grande carência de referências.
Quais seus projetos atuais e futuros?
Atualmente estou com o projeto para 2021 (Originais Cidade) – Da Ghama e Rás Bernardo, primeira formação da Banda Cidade Negra. A gente se encontra para homenagear o nosso primeiro CD (Lute para viver) que deu visibilidade para o Reggae no Brasileiro. Esse CD completa 30 anos. Acabamos de gravar três singles, sendo dois clássicos que fazem parte da nossa história e uma música da Banda Maneva com a participação do Talles, cantor da Banda. E vem clipe novo por aí também.
Confira alguns grandes sucessos da carreira de Da Ghama: