550. Sonorização Ambiental: Por que e Como se Deve Pagar Direito Autoral
Publicado em 16/08/2023.
A música é uma forma de expressão artística que transcende barreiras culturais e linguísticas, acessando corações de milhões de pessoas ao redor do mundo.
Por trás de cada melodia e letra envolvente, existe um trabalho criativo e árduo realizado por compositores, letristas e intérpretes, que devem ser respeitados em sua propriedade criativa.
Realizar o pagamento ou solicitar a devida autorização sobre o uso de uma obra para que o criador receba seu reconhecimento financeiro é lei. Afinal, é o mínimo de retorno que o autor deve ter após todos os investimentos feitos para que aquela obra saísse do papel e chegasse aos olhos e ouvidos do público, não é mesmo?
O pagamento de direitos autorais na música desempenha um papel fundamental em reconhecer e recompensar esses criadores, garantindo um mecanismo de grande importância na indústria musical.
Mas vamos do começo de toda essa história?
Tanto falamos da Lei do Autor, mas poucos sabem qual foi o acontecimento que despertou esse debate, e consequentemente, a lei.
Em 1840, Victor Marie Hugo, multiartista francês, passeava com sua família por Paris, quando se deparou com um café & restaurante no qual atores encenavam uma peça. Para sua surpresa, era sua obra que estava sendo reproduzida naquele local.
Elegantemente, entrou no estabelecimento junto a seus filhos e esposa, sentou-se, pediu almoço para toda família e assistiu a peça até o fim.
Assim que finalizaram e a refeição, levantaram-se para ir embora, quando o garçom o interrompeu, pedindo para que pagasse a respectiva conta. Victor se recusou. O garçom chamou a polícia, e o autor foi levado para a delegacia.
Chegando no local, Victor Marie Hugo explicou ao policial que se sua obra estava sendo utilizada sem nenhum retorno financeiro ou qualquer pedido de autorização para ele, o mínimo que um estabelecimento deveria fazer era pagar o almoço de sua família. Afinal, era a sua arte que alimentava todos em sua casa, por que naquele local seria diferente?
O policial sem nem ao menos conseguir contestar o argumento do autor, o deu razão e o liberou.
E este foi o primeiro passo dado para o que se tornaria hoje um longo e árduo debate sobre os direitos do criador, e as leis que os protegem e os defendem.
Os direitos autorais garantem que os compositores sejam devidamente reconhecidos e respeitados por seu trabalho. Isso incentiva a continuidade da criação artística, assim como a engrenagem da autogestão da carreira do artista, afinal, o músico, compositor e letrista nada mais é do que um empreendedor, um autônomo que possui uma empresa com despesas, necessidade de investimentos e a clara expectativa de retorno financeiro.
Atualmente no Brasil, o Direito Autoral está regulamentado pela Lei de Direitos Autorais (Lei 9.610/98). Assim, o criador da obra intelectual pode receber os benefícios morais e patrimoniais resultantes da exploração de sua criação.
A Lei de Direitos Autorais assegura aos criadores de composições musicais uma remuneração específica quando suas músicas são reproduzidas em locais públicos. A responsabilidade de coletar e distribuir esses pagamentos é atribuída ao Ecad (escritório de Arrecadação e Distribuição), a única entidade autorizada pelo governo a desempenhar essa função.
Todo estabelecimento comercial que usa música ao vivo ou ambiente é obrigado a pagar os direitos autorais aos compositores através do Ecad.
Estabelecimentos comerciais como bares, restaurantes, academias, lojas, casas noturnas, buffets e casas de festas, cinemas, clubes, shoppings centers, hotéis e motéis que optam por utilizar música publicamente estão sujeitos ao pagamento de direitos autorais ao Ecad. Contudo, caso um estabelecimento escolha não utilizar músicas, a obrigação de pagamento de direitos autorais é dispensada.
São diversos fatores que influenciam neste valor final, como:
Essa simulação é possível de ser realizada no próprio site do Ecad.
Acesse aqui o simulador e entenda na prática.
O processo de identificação de músicas é conduzido através de um sistema exclusivo que permite rastrear as gravações. Essa identificação é crucial para garantir a correta distribuição dos direitos envolvidos. A distribuição é realizada trimestralmente, seguindo uma amostragem. Os direitos abrangidos incluem tanto o direito autoral, relacionado aos compositores e editores das músicas, quanto os direitos conexos, envolvendo intérpretes, músicos e produtores fonográficos. Essa abrangência é essencial para garantir que todas as partes envolvidas na criação musical sejam justamente remuneradas pelo uso de suas obras.
É muito importante que fiquemos por dentro da lei que rege os direitos dos criadores artísticos, assim como suas possíveis alterações com o passar do anos.
A remuneração dos direitos autorais desempenha um papel crucial ao garantir que os autores sejam devidamente compensados por seu esforço e criação. O Ecad e a Abramus desempenham um papel significativo como entidades que preservam a vitalidade da música, possibilitando que compositores, músicos e artistas possam sustentar dignamente suas carreiras por meio do seu trabalho.
Repasse essa mensagem adiante e reforce a importância desse reconhecimento.
551. Sintonizando com Edson & Vinicius
Publicado em 20/08/2023.
1 – Como foi o início da amizade entre vocês dois e quando descobriram o amor pela música juntos?
A amizade começou na rua! Tínhamos cerca de 10 anos e vivíamos na rua brincando, jogando bola, morávamos perto, na cidade de Chavantes/SP.
O amor pela música, começou por volta dos 14 anos de idade, montamos uma banda de garagem onde o Edson era o guitarrista e o Vini o tecladista, e uns 02 anos depois começamos a imitar o Mamonas Assassinas, desse cover surgiu a Banda Santa Esmeralda, banda baile, na qual tanto o Edson quanto o Vinicius faziam parte da formação inicial.
2 – A formação da dupla “Edson & Vinicius” aconteceu de maneira inusitada, durante uma festa de calouros. Conte-nos mais sobre como surgiu a ideia de formar a dupla e como foram os primeiros passos juntos.
Após sair da banda baile, eu (Edson) comecei a carreira solo, com voz e violão, e nessa estrada solo fiquei por uns 8 anos, até que em um trote universitário surgiu a dupla Edson e Vinícius, o antigo Vinicius teve como trote universitário tocar sanfona junto comigo, e eu aceitei para animar os demais estudantes, tempos depois começamos a tocar juntos por toda região expandindo para o estado, depois nacionalmente e até mesmo fora do Brasil.
3 – A música ‘Feinho’ abriu as portas para a dupla e fez sucesso em todo o país. Como foi o processo de criação e gravação dessa música? Vocês esperavam essa repercussão positiva?
Em 2015, estávamos finalizando a gravação do CD no estúdio do produtor musical Eduardo Pepato, quando Pepato, nos apresentou a música FEINHO, ela foi a última a ser gravada – uma espécie de track bônus, e desde o início Pepato acreditou que ela seria um HIT, e foi!
A gente sempre sonha com uma repercussão positiva, mas a FEINHO superou as expectativas e nos projetou para o mercado musical e quando estávamos em plena atividade, em 2018, o Vinícius (antigo) resolveu parar de cantar e se mudou para o exterior, foi quando o Júnior aquele meu melhor amigo da infância, propôs de continuarmos a dupla e eu Edson, achei incrível por termos uma amizade de longas datas.
E então veio a pandemia e tudo parou.
4 – O retorno aos palcos em 2022 após a pausa devido à pandemia deve ter sido emocionante. Como vocês descrevem a sensação de voltar a se apresentar e sentir o amor pela música ainda mais forte?
Pós pandemia, voltamos muito mais maduros e seguros do que queremos, com os pés bem no chão, porém acreditando demais no nosso sonho!
“Estar no palco com o Ed me traz aquele sentimento de quando tínhamos 10 anos e só queríamos ser feliz e nos divertir!”
Palavras do Vini.
“Faço das palavras do meu amigo e parceiro as minhas , pois assim tem sido, não tem um encontro que a gente não racha o bico de dar risada (RS), é muito bom ter ele como sócio, parceiro e acima de tudo amigo.”
Palavras do Edson.
5 – O projeto “EDSON E VINICIUS – EV Prá Tomá Uma” marcou o retorno após a pandemia. O que os fãs podem esperar desse trabalho e quais foram as inspirações para a criação do projeto?
Para os fãs, a certeza de que estamos mais unidos do que nunca, buscando levar música, alegria e o amor pelo Brasil e na realidade a inspiração para o EV Pá Tomá Uma veio da admiração que temos pelas duplas Clayton e Romário e Ícaro e Gilmar, que de uns anos pra cá regravaram grandes clássicos da música sertaneja e lançaram suas próprias músicas entre um projeto e outro, e isso faz revivermos grandes músicas e hits do passado fortalecendo e imortalizando ainda mais belas obras de grandes compositores.
6 – O que mais vem por aí? Fala pra gente dos projetos e perspectivas para o ano…
Ideias brotam a todo instante e nessa fase estamos em um turbilhão de escolhas, do que realmente tem a nossa cara, o que realmente vai levar ao nosso público a sensibilidade e alegria de sempre, a cabeça não para! Mas após o lançamento integral do “EV Pá Tomá Uma”, temos três singles já na produção, todos com participações de grandes parceiros de estrada.
552. #SpeedUpSongs
Publicado em 24/08/2023.
Uma das expressões artísticas mais adaptáveis aos tempos é a música, que de geração em geração apresenta nuances da sociedade e grupos que as consome em alta escala.
O reflexo da geração atual se apresenta de maneira intensa na utilização do TikTok, o qual revolucionou o mercado fonográfico com o uso da música de maneira diferenciada para vídeos curtos, e para um momento mundial onde todos possuem pressa e se entediam com facilidade.
Como resultado deste comportamento mundial e cibernético, nasceram elas: as Speed Up Songs.
Vamos entender melhor?
Comumente chamadas como Sped Up Songs, que é o particípio passado do verbo speed up (“acelerado”, em português), é reflexo de uma nova geração. Músicas preexistentes ou produzidas de maneira em que a velocidade acelerada já é considerada desde o momento de sua criação.
Também conhecida como Speed Up Songs (com um “e” a mais), essas músicas, por muitas vezes, são aceleradas em até 3 vezes de seu BPM original, o que pode trazer, inclusive, a consideração de ser uma música mixada por algum DJ. Mas nem sempre é o caso.
Essa prática não é nova, mas a sua forma de produção sim, porque originalmente esse resultado final era adquirido pelo manuseio analógico de DJ’s sobre suas controladoras enquanto mixavam a música ao vivo em uma festa ou evento. Agora, ela já é produzida sendo pensada dessa maneira, de forma que encaixe em vídeos de alta energia no TikTok, e que seja consumida pela atual geração de jovens que não se engaja com músicas mais lentas, que precisam constantemente de estímulo sonoro e visual para que fiquem ao menos 1 minuto consumindo um conteúdo, por exemplo.
Este consumo e desejo têm impactos interessantes na sociedade, de maneira que foi possível observar o retorno de grandes sucessos dos anos 80, 90 e 2000 com essa nova roupagem, e claro, dentro do contexto da versão anexada ao visual no TikTok.
O que se pode notar é a abertura para essas músicas que não somente tem seu BPM acelerado, mas também a tonalidade, se tornando mais agudas e de maior alcance de público, uma vez que as músicas de tonalidade mais alta impactam o público com energia mais elevada, mais pop.
Uma faixa que originalmente era triste pode se transformar em algo mais animado e vice-versa.
Um dos pontos delicados dessa prática é que por muitas vezes há alteração sobre as músicas sem a autorização do autor original, apresentando uma nova roupagem sem nem sequer haver um consentimento do criador.
Considerando que o remix e aceleração da canção pode transformá-la de maneira drástica em seu significado e sentido final, isso pode se tornar um ponto extremamente delicado em questões éticas e de direito autoral.
Com equilíbrio é possível utilizar essa ferramenta como um adicional para produtores musicais, mas é necessária consciência de seus efeitos e o que estamos trazendo para a sociedade de costume sonoro, podendo vir a trazer complicações no futuro, caso não seja manejado com cuidado.
Quer saber mais?
Este tema também foi abordado pelo produtor musical Apollo Nove, em nossa Revista Abramus #47.
Confira a matéria na íntegra aqui.
553. Abramus defende pagamento de direitos autorais a músicos acompanhantes e arranjadores
Publicado em 24/08/2023
Roberto Corrêa de Mello, diretor-geral e CEO da Associação Brasileira de Música e Artes (Abramus), participou na tarde desta quarta-feira, 23 de agosto, de audiência pública promovida pela Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, sobre a necessidade de atualizações na Lei de Direito Autoral.
Mello, que também representou a Associação Brasileira de Direito Autoral (ABDA), em que é presidente, defendeu a obrigatoriedade do cadastramento de músicos acompanhantes e arranjadores (direitos conexos) em fonogramas.
Também esteve presente na audiência o coordenador da unidade Abramus Brasília, e membro do Comitê Gestor da entidade, Ronald Bezerra de Menezes Neto.
O requerimento para a realização do debate foi apresentado pela deputada Lídice da Mata (PSB/BA), relatora do Projeto de Lei 5542/20, que garante pagamento de direitos autorais a músicos acompanhantes e arranjadores.
A íntegra da audiência pública está disponível no site da Câmara dos Deputados: https://www.camara.leg.br/evento-legislativo/69002
554. Pagamento de AGOSTO disponível!
Publicado em 28/08/2023.
O pagamento de AGOSTO já está disponível!
Confira as rubricas contempladas este mês:
Clique aqui e veja as definições das rubricas.
Mantenha sempre seu cadastro atualizado em cadastro.titular@abramus.org.br
555. Uso do sample na música e direito de autor
Publicado em 28/08/2023.
Por Luciano Oliveira Delgado.
O sample vem se difundindo cada vez mais no meio musical, com exemplos diversos nas plataformas digitais, tratando-se da utilização de trechos sonoros de uma obra musical, inseridos em nova obra, de forma cortada ou remixada, tendo sido popularizado pelo hip hop e pela música eletrônica.
O sample ganha mais apelo quando acompanhado de uma coreografia que ganha o público da rede mundial de computadores, sendo comum ocorrer justamente no momento da música em que se utiliza o trecho sampleado. Porém, ao contrário do que alguns simpatizantes da modalidade defendem, deve ser obtida a prévia e expressa licença, sob pena da prática de ilícito, pois se trata da utilização da criação autoral de terceiros. E da Lei autoral nº 9.610/98 não se extrai conclusão diferente, invocando-se os incisos I, III e V do artigo 29:
“Art. 29. Depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra, por quaisquer modalidades, tais como:
I – a reprodução parcial ou integral;
II – a edição;
III – a adaptação, o arranjo musical e quaisquer outras transformações;
IV – a tradução para qualquer idioma;
V – a inclusão em fonograma ou produção audiovisual;”
Outrossim, o sample não encontra respaldo em qualquer das limitações (exceções) previstas no artigo 46 da Lei de nº 9.610/98, tampouco na regra dos três passos prevista na Convenção de Berna, até porque como se constata nos inúmeros casos famosos que vem recheando o meio jurídico [1], afeta a exploração comercial da obra originária e prejudica injustificadamente os interesses do autor. Também não encontra respaldo a alegação de que há uma função social no sample, lembrando que compete ao Estado, e não ao cidadão, definir politicas sociais, sendo vedada a autotutela. Contudo, sem prejuízo do todo dito acima, e tão importante quanto a questão patrimonial, devemos ter em mente que o sample pode ferir os direitos morais do autor, cabendo destaque aos direitos de indicação de autoria e o de integridade da obra, a saber:
“Art. 24. São direitos morais do autor:
I – o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra;
II – o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado, como sendo o do autor, na utilização de sua obra;
III – o de conservar a obra inédita;
IV – o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modificações ou à prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em sua reputação ou honra;”
Por diversas razões o autor pode se opor a utilização da sua obra musical em ritmo diverso ou relacionado a algum determinado tipo de comportamento e público, que pode, não somente afetar a sua reputação e honra, como a comercialização da sua obra junto ao seu público consumidor. Assim, também em respeito ao direito moral do autor, a licença deve sempre ser obtida, sob pena de responsabilização em perdas e danos que abrangerá o direito patrimonial do titular e o direito moral do autor.
[1] Vide última envolvendo Trecey x Nelly Furtado, com o hit Lovezinho e MC Carol x DJ LK, com o hit Tubarão te Ama.
Luciano Oliveira Delgado é advogado especializado em Direitos Autorais e Propriedade Industrial, colaborador de obras literárias e autor de artigos.
556. Replay de agosto
Publicado em 30/08/2023.
A rede social de vídeos recentemente anunciou o lançamento de um novo app, agora concorrente das plataformas de streaming, com foco na música e trazendo catálogos de diversas gravadoras majors.
Confira na íntegra a notícia.
Foto: Freepik.
É lançado um álbum inédito de parcerias e regravações de obras e canções do célebre Pixinguinha. Essa é a oportunidade de se reconectar mais uma vez com um grande expoente da música brasileira através deste álbum póstumo e bela homenagem.
Saiba das grandes parcerias inéditas aqui.
Foto: Walter Firmo / Acervo IMS.
Uma nova premiação se apresenta para a cena sertaneja: o Prêmio Marília Mendonça. Nada mais justo que uma homenagem dessas, não é mesmo?!
Entre diversas categorias importantes para o nicho musical, e com realização de Fátima Pissara, a homenagem à rainha da sofrência promete um grande acontecimento para o sertanejo e suas revelações.
Que tal conferir? Clique aqui.
Foto: Instagram Oficial @mariliamendoncacantora.
O evento voltado para debates sobre o music business e grandes encontros do universo fonográfico contou com o apoio e presença da Abramus nas rodas de debates. O Formemus ocorre de 30 de agosto (hoje) até 2 de setembro.
Não perca!
O segundo episódio de Conversas Musicais, programa apresentado por Sérgio Martins, está no ar no Youtube da Abramus. Dessa vez os convidados são Thaeme e Thiago.
Assista a entrevista completa aqui.
Foto: Instagram Oficial @thameethiago.
Associados Abramus têm desconto nos ingressos para a nova edição do Trends Brasil Conference. O evento focado em networking, novidades do mercado musical e audiovisual, promete grandes encontros e novidades sobre as tendências do mercado.
Foto: Flyer do evento.
Abramus defende o pagamento de direitos autorais a músicos acompanhantes e arranjadores.
Dr. Roberto Corrêa de Mello, diretor-geral e CEO da Abramus, e presidente da ABDA, detalhou a importância da obrigatoriedade do cadastramento de músicos acompanhantes e arranjadores (direitos conexos) em fonogramas.
Assista o vídeo completo aqui.
O Sintonizado teve a honra de receber a dupla sertaneja Edson & Vinicius. E os cantores e compositores apresentaram o novo trabalho e planos para 2024.
Confira a entrevista aqui.
Foto: Elton Fukuhara.
A Orquestra Sinfônica de São Paulo lança concurso para compositoras de toda América Latina. Com faixa etária livre e diversas temáticas possíveis para abordagem das composições, a Osesp propõe um edital inédito.
Quer se inscrever? Acesse para mais informações.
Foto: Laura Manfredini.
Dexter, o Oitavo Anjo, celebra seus 50 anos de existência e muitas realizações. Conheça a história desse rapper, compositor, ator e empresário de múltiplos talentos aqui.
Foto: Leandro Godoi.
557. Sintonizando com Badi Assad
Publicado em 04/09/2023.
Com seu violão virtuoso, voz envolvente e uma dedicação incansável às questões sociais, ela transcende a mera definição de uma talentosa cantora e compositora sendo, indiscutivelmente, uma autêntica artista da transformação.
Neste bate-papo, mergulhamos profundamente na jornada de vida e carreira dessa ilustre artista brasileira que desenha novos horizontes com sua arte.
1 – Você é conhecida por suas habilidades únicas no violão e por incorporar diversas influências musicais em seu trabalho. Como você começou a explorar essa abordagem diversificada para a música e como isso moldou sua carreira?
Quando nasci, meus irmãos Sérgio e Odair Assad já tocavam violão, e assim, desde quando nasci, fui imersa no universo da música como parte da própria essência da vida. Curiosamente, meus primeiros sonhos artísticos eram voltados para a dança, aspirando ser uma bailarina. No entanto, aos 14 anos, comecei a tocar violão para acompanhar os chorinhos do meu pai, Seu Jorge, e essa experiência acabou mudando o rumo dos meus desejos, levando-me a desejar ser como meus irmãos. Assim, mergulhei profundamente nos estudos de violão e comecei a participar de competições nacionais e internacionais, conquistando prêmios ao longo do caminho. Mas, por volta dos meus 19 anos, uma revelação importante surgiu: percebi que o mundo do violão erudito era o território dos meus irmãos, não o meu. Esse foi um momento crucial em que comecei a questionar quem eu realmente desejava ser e a abrir minha mente para as inúmeras possibilidades que se apresentavam dentro e diante de mim. Com uma natureza curiosa, determinada e destemida, comecei a fundir todas as minhas paixões e interesses. Foi após o lançamento do meu primeiro álbum, ‘Dança dos Tons’ (1989), no qual vários músicos foram convidados para colaborar (a produção ficou a cargo do Sérgio), que um ponto de viragem surgiu. Eu me preparava para realizar meu próprio espetáculo que seria solo, sem aqueles músicos, e foi então que, intuitivamente e com grande dedicação, comecei a imitar todos os instrumentos presentes no disco usando apenas minha voz. Esse momento se revelou como o ponto de partida para uma jornada que mais tarde me rendeu o título, conferido pela crítica norte-americana, de ‘One Woman Band’ (Uma Mulher Banda). A partir desse momento, o céu passou a ser o limite, e essa abordagem multifacetada continua a me guiar até os dias de hoje. Continuo explorando todas as artes que sinto vibrar dentro de mim, seja na música em todas as suas formas e estilos, na dança ou no teatro.
2 – Além de tocar violão, você também é uma cantora talentosa. Como você equilibra e integra suas habilidades vocais com sua habilidade no violão para criar sua música?
A descoberta da minha voz foi um processo gradual. Inicialmente, a utilizei como uma ferramenta para imitar uma variedade de sons e timbres. Naquela época, encontrar aulas que ensinassem essa habilidade era uma tarefa desafiadora, especialmente antes da era da internet. Portanto, minha jornada foi, em grande parte, autodidata. Com o tempo, minha paixão pela exploração vocal cresceu, levando-me a buscar orientação. Decidi me matricular em aulas de canto ministradas por professoras tanto na área erudita, como a Neyde Thomas, quanto na área popular, como a Cláudia Mocchi. Em 1990, tive a oportunidade de participar do musical ‘Mulheres de Hollanda’. Nesse projeto, não atuei como violonista, mas como cantora. Foi uma experiência reveladora que me fez compreender o poder da interpretação. Motivada por essa descoberta, decidi também aprimorar minhas habilidades teatrais, buscando aulas com profissionais como Míriam Muniz e Cristina Mutarelli. Após o término desse musical, senti a necessidade de resgatar a força da minha relação com o violão, que havia diminuído durante os dois anos em que me dediquei ao espetáculo. Para isso, comecei a estudar, interessantemente, percussão, uma escolha que me proporcionou um profundo entendimento da polirritmia. Foi nesse período que percebi a possibilidade de fundir todas as minhas paixões de forma simultânea: violão, percussão, voz e minhas pesquisas artísticas. Além disso, comecei a incorporar movimentos às minhas performances, unindo a expressão corporal à minha música. Essa amálgama de influências e práticas artísticas passou por diversas fases de evolução, onde constantemente busquei novos caminhos para satisfazer minha sede de criação. Hoje, após ter descoberto minha veia como compositora popular, arranjadora e escritora (com o lançamento do livro ‘Volta ao Mundo em 80 Artistas’), meus anseios artísticos continuam a se desenvolver. Recentemente, tenho focado significativamente na arte da interpretação, aprofundando meu entendimento e aprimorando minhas habilidades neste aspecto essencial da minha carreira.
3 – Sua carreira internacional a levou a trabalhar com músicos de diferentes partes do mundo. Como essas colaborações influenciaram sua perspectiva musical e como você vê a música como uma linguagem global?
Sempre sou grata por ter tido o privilégio de compartilhar palcos e gravar com artistas internacionais incríveis. Participar de festivais, ao lado deles, ao redor do mundo também foi uma experiência enriquecedora. Para mim, essas vivências foram como uma escola única, onde intuitivamente absorvi uma infinidade de influências musicais no calor do momento. Mantive minha mente e coração abertos, com as antenas sempre ligadas, permitindo-me incorporar uma variedade impressionante de estilos musicais. Com o tempo, compreendi que, para mim, existem apenas dois tipos de música: aquela que me emociona profundamente e aquela que não. Esse entendimento resultou em um estilo eclético no qual tenho a liberdade de misturar e incorporar diversos elementos, desde que sinta que eles se encaixam em meu universo artístico. Quando seleciono uma música ou uma fusão musical para minha performance, costumo dizer que, durante aqueles preciosos minutos no palco, a compositora daquela canção sou eu. hehe… Quanto à música ser uma linguagem global, disso não tenho dúvidas. Já testemunhei histórias extraordinárias que confirmam essa afirmação. A música é composta por frequências sonoras, e são essas frequências que transcendem as barreiras linguísticas e emocionais, impactando inevitavelmente quem a ouve. É uma manifestação das leis fundamentais da física, e é simplesmente impossível não ser tocado por ela.
4 – Você é conhecida por suas performances envolventes e cheias de energia. Como você se prepara mentalmente e emocionalmente para suas apresentações ao vivo e qual é a sensação que você busca transmitir ao seu público?
O palco tem uma força, para mim, muito mística. Quando subo ao palco, sinto como se estivesse entrando em um templo, um estado de devoção e oração profunda. No decorrer de uma apresentação, eu tenho a possibilidade de explorar os cantos mais profundos do meu ser. A música, sendo uma das atividades que mais estimulam o cérebro, permite que ambos os lados do meu cérebro se comuniquem, abrindo portas para lugares desconhecidos e memórias guardadas profundamente. Por isso, eu não perco uma oportunidade de me entregar totalmente quando estou em um palco, vivendo intensamente todas as emoções que as músicas proporcionam. São emoções que talvez não teria a chance de experimentar em meu cotidiano. Portanto, para mim, essa experiência é também uma forma de terapia. Acredito que, ao mergulhar nessas energias no palco, o público presente na plateia tem a oportunidade de sentir e se conectar a essas emoções, como se estivessem pegando uma “carona” nesse turbilhão de sentimentos.
5 – A tecnologia desempenhou um papel significativo na indústria da música, tanto na produção quanto na distribuição. Como você acha que a tecnologia afetou a forma como os músicos se conectam com seu público e como você mesma incorporou a tecnologia em sua música?
Não há como negar o impacto da evolução tecnológica em todos os aspectos da nossa vida. É como diz a filosofia oriental: “Dentro de cada um de nós, existem dois lobos, o bom e o mau, e cabe a nós decidir qual deles alimentar”. Podemos traçar um paralelo semelhante com a tecnologia, que pode tanto nos beneficiar quanto nos prejudicar. A tecnologia nos oferece inúmeras possibilidades incríveis, mas também tem o potencial de afetar nossas fontes de sustento financeiro, por exemplo. Ela também nos conecta a um vasto universo de opções musicais de todo o mundo, mas, ao mesmo tempo, nossa própria produção musical pode se perder em meio a esse oceano quase infinito de possibilidades. Quanto ao relacionamento com o público, a tecnologia nos permite uma proximidade sem precedentes, o que é fascinante. No entanto, ela também cria ciclos viciosos nada saudáveis, além de pode ser desafiador sair da nossa “bolha” digital para acessar conteúdo que está fora dela. Portanto, é essencial encontrar um equilíbrio entre aproveitar tudo o que a tecnologia oferece e manter nossa conexão com nós mesmos em dia. Eu pessoalmente uso a tecnologia diariamente e sou imensamente grata por tudo o que ela me proporciona. No entanto, reservo um tempo do meu dia para práticas como meditação e estudo das minhas habilidades, bem como cuidados com o meu corpo. Isso me ajuda a manter o equilíbrio e a conexão comigo mesma em um mundo cada vez mais tecnológico.
6 – Sua carreira abrange uma ampla gama de álbuns e composições. Você poderia nos contar sobre um projeto recente ou compartilhar seus projetos futuros?
São 20 álbuns e, em 2024, celebrarei com grande orgulho 35 anos de uma jornada que continuo a percorrer e que não vejo motivo para encerrar – nunca! (risos) Atualmente, estou envolvida em diversos projetos paralelos e próprios que abraçam uma variedade de estilos e colaborações inspiradoras: Participo de uma homenagem às compositoras mulheres, ao lado da talentosa Thaïs Morell de Curitiba; Estou envolvida na gravação de um disco especial em comemoração aos 30 anos do álbum “Olho de Peixe” (de Lenine e Marcos Suzano) em parceria com a Orquestra Mundana Refugi; Também estou imersa em um projeto dedicado à “Músicas Caipira do Mundo”, em colaboração com o músico Carlinhos Antunes. Além disso, tenho o privilégio de ser convidada especial da Orquestra Jazz Sinfônica em São Paulo; Estou escrevendo um novo livro, contando a história e o legado da Família Assad, assim como tenho a visão de criar a Fundação da Família Assad em minha cidade natal, São João da Boa Vista. Estou criando um trio de mulheres cantautoras e violonistas. Aguardem! hehe. Paralelamente estou participando de várias gravações com outros artistas, incluindo artistas novos como Kacá Novais e Fábio Nogara, e outros como o incrível André Abujamra, Claudio Dauelsberg… E, por fim, tenho planos empolgantes para a produção de um monólogo musical-teatral, explorando o arquétipo do curador e apresentando várias histórias de superação, incluindo a minha própria, quando me recuperei da Distonia Focal, uma condição que, na época (1999), os médicos afirmavam ser incurável.
558. As diferenças dos players do mercado da música
Publicado em 06/09/2023.
À primeira vista, o mercado musical pode soar complexo para muitos, mas desvendando a engrenagem e os personagens dessa indústria é possível se mover de maneira orgânica, compreendendo cada pilar e suas funções, para então, tanto você, artista, quanto você profissional da área executiva, possa elaborar estratégias bem sucedidas contando com o player certo na colaboração de sua próxima ação.
Mas o que é um player do mercado musical?
Quem são, e o que fazem?
Bem, este é o assunto do blog de hoje, onde relembramos a matéria assinada por Belinha Almendra, da Revista Abramus #40, para te ajudar nessa.
Vamos juntos?
A expressão “player” é comumente utilizada no mercado de negócios em geral, seja no corporativo, no industrial e até mesmo aqui, na música. A nomenclatura nada mais é do que uma forma de expressar um personagem/empresa/representante que atua no meio dos negócios, seja qual for a natureza deste produto.
Aqui, no caso musical, os players seriam as gravadoras, editoras, distribuidoras ou agregadoras, associações, assim como também colaboradores da área de marketing musical, ou seja, todos que participam do ecossistema musical visando elevar um produto fonográfico ao sucesso, onde todos ganham e participam deste ato de excelência junto ao criador, o compositor da obra.
Mas, agora que sabemos quem são os players e o que são, vamos entender como cada um atua individualmente?
As famosas gravadoras compõem este cenário da indústria, é claro. E em épocas passadas, elas concentravam todos os nichos dentro de uma única empresa.
No mercado de hoje, com a divisão dos setores e colaborações mais frequentes, as próprias gravadoras podem contar com colaboradores e parceiros externos atuando sobre os artistas de seu catálogo.
Mas ainda assim, as gravadoras seguem sendo a base do mercado musical; as principais financiadoras artísticas, donas de infraestrutura de gravação, experiência em marketing e networking extremamente rico.
Em alguns casos, as gravadoras seguem atuando de maneira 360º, escolhendo o repertório do artista, financiando DVDs e CDs, escolhendo capa de disco, produzido, gravando, tendo a própria editora.
Ou seja, o mercado que destrinchamos abaixo são todas as áreas que antigamente eram concentradas na gravadora, ao invés de serem empresas distintas atuando em colaboração.
Mas calma, antes de chegarmos a qualquer conclusão do que é melhor, vamos entender todas as áreas?
Sigamos.
Como falávamos, na época das gravadoras era comum existirem selos para cada nicho musical. Por exemplo: a major EMI atuava do pop ao jazz. Neste caso, era mais que necessário ter um responsável para o pop, outro para o jazz e da mesma maneira para os outros gêneros de atuação da gravadora. Afinal, cada nicho tem suas particularidades e nuances a serem desenvolvidas, certo?
Os selos, ao se destacarem da gravadora e tomarem vida própria, trouxeram essa possibilidade de gravação dos fonogramas de artistas, além de serem guias na busca de playlists e ações promocionais do fonograma.
Toda música precisa de promoção efetiva, não é verdade? Já se foi o tempo em que acreditávamos que uma música poderia virar sucesso apenas por existir.
Nos tempos de hoje, ferramentas como as redes sociais, Google Ads, playlists editoriais são um dos serviços mais requisitados do mercado.
As assessorias de marketing digital também são parte da indústria das grandes players que promovem o artista de diversas maneiras, mesclando até mesmo a carreira musical com a possibilidade de se tornar digital influencer, como uma estratégia para atingir diferentes nichos e trazer uma visão mais publicitária sobre aquele produto imagético e fonográfico que se torna o artista a partir dessa ação. É uma estratégia comum, mas não é a única.
Essa empresa de marketing digital, quando muito bem alinhada com o gestor do artista (seja ele autogestor ou tenha um empresário), assim como com os outros colaboradores, pode elevar a música ao ponto desejado.
Manager, empresário ou gestor são nomenclaturas utilizadas para o responsável pela empresa, o CNPJ do artista e gestão dessa carreira. Assim, como qualquer empresa no mercado tem um administrador das estratégias e visões futuras, esse gestor é quem atua no mercado musical, conectando todas as pontas e colaboradores que irão atuar sobre a carreira do artista, baseado na estratégia elaborada pelo empresário.
Ele responde legalmente pela produção artística e representa o artista em situações contratuais, legais e estratégicas.
As editoras também eram parte das gravadoras no passado, e embora sua independência tenha “avançado”, suas funções seguem semelhantes, porém caminhando junto à tecnologia e possibilidades de mercado.
Editoras musicais são empresas que trabalham em conjunto com compositores e detentores dos direitos autorais para licenciar, divulgar e comercializar suas obras musicais. Quando uma música é editada, significa que a editora musical adquiriu os direitos de publicação da música e é responsável pela sua divulgação e comercialização.
O contrato de edição é um acordo legal estabelecido entre o compositor (ou detentor dos direitos autorais) e a editora musical. Esse contrato define os termos da relação entre ambas as partes, incluindo a duração do contrato, os direitos de exploração da música, as responsabilidades e obrigações de cada parte, bem como a divisão dos direitos autorais e outros rendimentos gerados pela música.
As editoras fazem parte desse ecossistema mais próximo entre a Abramus e Ecad, que são as players mais próximas do produto “obra”, e que operam de maneira mais direta sobre essa parte da criação.
No Brasil, o Ecad é o órgão que desempenha a função de fiscalizar e cobrar direitos autorais de locais que executam música publicamente, como rádios, televisões, casas de shows, estabelecimentos comerciais, serviços de streaming e outros que utilizam música em suas atividades.
Esses valores são posteriormente distribuídos aos titulares dos direitos autorais, com base em critérios estabelecidos, levando em consideração a frequência de execução das músicas, região, tipo de execução, dentre outros fatores.
As associações de gestão coletiva de direitos autorais são organizações sem fins lucrativos, que representam os compositores, intérpretes, músicos, editoras e produtores fonográficos.
As associações, como a Abramus, tem o principal objetivo de defender os direitos autorais dos artistas e representar os interesses dos seus associados. Elas são vinculadas ao Ecad através da gestão coletiva e são responsáveis pela distribuição dos direitos autorais ao titular.
Após a arrecadação dos valores pelo Ecad, os repasses são realizados para as associações de acordo com o Regulamento de Distribuição, e em seguida, distribuídos aos seus respectivos filiados.
A responsabilidade da análise e o monitoramento dos rendimentos do repertório de cada artista é dividida entre a Abramus e o titular, acompanhando as movimentações, até chegar o momento do repasse.
Mas o grande ponto aqui é como as players atuam entre si e a força de cada uma sobre o mercado e sua carreira.
Que tal se aprofundar mais nesse assunto que pode ser a chave para alavancar sua carreira?
É o que Belinha Almeida apresenta na matéria (pág. 40) que esteve em nossa Revista Abramus.
Confira na revista.