Nice Silva tinha 16 anos, em 2007, quando resolveu mostrar as músicas que fazia desde criança em Guaçuí (ES). Nascida em Varre-Sai (RJ), ela se mudou para a pequena cidade capixaba aos dois. Em março de 2012, Nice estava com violão em punho diante de 100 mil pessoas.
Com Victor & Leo, gravou “Sem negar”, composição sua, para o DVD da dupla “Ao vivo em Floripa”. “Lembrei-me de estar cantando nos bares pouco tempo antes, e de repente estava ali, ao lado de uma das maiores duplas do Brasil. Não me achava preparada. Senti frio na barriga, meu coração parecia mais aberto”, recorda Nice.
Leo lembra o encontro que começou a mudar a vida de Nice, antes do show em Florianópolis. “Ela veio ao camarim de um show nosso em Guaçuí [ES], ‘interiorzão’. Falou: ‘fiz uma música para vocês, quero apresentar’. Mas tinha muita gente, estava corrido. A gente falou: ‘tudo rapidinho’. Quando ela abriu a boca para cantar a gente ficou encantado”, conta Leo.
Victor & Leo convidaram Nice para o ensaio do DVD. Leo lembra que ela chegou sem instrumento. “Ela contou a história de vida dela”, recorda. “A gente se emocionou. Uma pessoa que veio de condições financeiras muito pequenas, visto que o mercado hoje se restringe a posição social e grana. Vimos que o que ela tinha conquistado vinha do talento. É um exemplo para muita gente. Foi uma guerreira em continuar na música, porque sofreu muito preconceito. É uma cantora que vai marcar”, arrisca. A dupla contratou Nice para o seu escritório, Vida Boa, e a levou para o Rio de Janeiro, onde ela grava o primeiro CD com o produtor Guto Graça Melo. Veterano da música brasileira, Guto já produziu Roberto Carlos e trabalhou com a maioria dos grandes nomes da MPB. “O Victor me falou loucuras dela. Fui ouvir o trabalho como compositora e violonista e fiquei muito impressionado”, diz Guto.
A voz grave de Nice lembra a de Paula Fernandes. Mas Guto rejeita comparações: “Ela não quer se parecer com ninguém, é surpreendente. O som é um misto de country pop com balada. Mas é um estilo próprio, interessante. Além de tudo, ela é criadora. As composições são todas dela”, adianta.
A cantora de 21 anos, ao contrário de outros jovens da sua idade, não ouvia seus artistas preferidos via MP3 e vídeos no YouTube. Ela não tinha sequer aparelho de rádio em casa. “Ouvia as músicas através de um toca-discos de minha mãe. Ela colocava vários vinis de cantores como o Roberto Carlos. E eu ouvia músicas sertanejas de raiz que meu pai tocava”, lembra. Enquanto finaliza o disco, Guto Graça Melo já resume a história de Nice em uma palavra. “É uma expressão da moda, mas se encaixa bem para ela: superação”.
Fonte: G1