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Sintonizando com Nefertiti

Nefertiti é uma artista baiana que encontrou a música já em sua maturidade e trouxe consigo a bagagem de uma vida cheia de poesia e de referências simbólicas. Sua obra se destaca pelo lirismo e pela expressão genuína do feminino, com fortes laços com o mar e com a cultura baiana.

Nesta entrevista, Nefertiti compartilha como o mar, a literatura e a dança permeiam sua identidade artística e leva o público a um mergulho profundo em suas inspirações e composições, revelando uma jornada de autodescoberta e de transformação pessoal através da arte.

Venha conhecer mais sobre Nefertiti.

1- Você se descreve como uma “artista baiana de alma banhada em música”. Seu trabalho musical transmite muita autenticidade explorando o feminino e se relacionando com elementos do mar, tanto nas composições quanto na estética visual. Fale um pouco dessas referências e o que elas revelam sobre você e a sua personalidade.

R: O mar acompanha quem vive em Salvador, seja na vista inesperada ao descer uma ladeira, no cheiro de maresia espalhado pela orla ou no vento agradável que afaga o rosto no fim de tarde.

Quando era criança, meus pais costumavam incentivar a leitura de poesia: Cecília Meireles, Fernando Pessoa e Pablo Neruda estavam disponíveis na estante e me iniciaram nos temas marítimos. Olhando em retrospectiva, entendo que me revelaram a dimensão simbólica das coisas, que hoje utilizo para compor.

As canções de Dorival Caymmi pertencem ao inconsciente musical de qualquer brasileiro, e é certo que esse retrato das paisagens da Bahia está impresso em minha mente. Cresci ouvindo Caetano Veloso e Gilberto Gil, que sempre serão uma inspiração em minha música.

Para mim, o mar é força de transformação. É o batismo, a iniciação, e, também, a fonte de toda vida.

No meu primeiro single, Minha Rainha, utilizei a mitologia da sereia, representando um chamado para o mergulho em águas profundas, em um encontro com o feminino. Na canção, imagino que sou, ao mesmo tempo, o pescador que é seduzido e a sereia que encanta, unidos em abraço místico.

Estudo dança moderna e incorporei alguns elementos na expressão do corpo, que aparecem nas fotografias e vídeos de divulgação. O conceito visual amplia os significados, entregando uma arte integral, circular.


2- Seu último single lançado, Longe do Mar, é poesia pura! Uma composição autoral, sensível e introspectiva. Conte como foi o processo de desenvolvimento da letra. Quais foram suas inspirações?

R: Longe do Mar foi minha primeira composição. A letra surgiu associada à melodia, que comecei a cantar mentalmente, como se tivesse brotado de um lugar que eu ainda não conhecia. Fui ao violão buscar os acordes e a canção nasceu.

No momento da gravação, contei com a participação especial da violonista baiana Jana Vasconcellos, agregando camadas de maestria aos acordes, além de um lirismo na forma de executar o instrumento.

Durante o processo de composição, estava em um momento pessoal muito difícil. Aceitar o inevitável exige um aprendizado específico, o entendimento de que, de fato, não há controle possível. A vida acontece por si mesma e muito nos ensina, com toda sua exuberância, especialmente nos momentos de sofrimento.

Estava longe do meu mar interior e desconectada de minha essência, enquanto enfrentava a intempérie. O sal na boca que aparece na música, ou seja, o gosto das dores do mundo, me fez redimensionar tudo.

De lá para cá, o tempo teceu sua teia e aqui estamos.

3- Durante a gravação do single “Minha Rainha”, você compartilhou nas redes sociais imagens dos bastidores e mencionou que “música é transformação”. Pode nos contar como esse single trouxe transformações para a sua vida, tanto do ponto de vista artístico quanto pessoal?

R: Sou advogada de formação, mas sempre senti um chamado do universo artístico. Aprendi que a arte é capaz de abrir portas, escancarar janelas e percorrer quarteirões inteiros, por caminhos ligeiros e misteriosos, sem se limitar à racionalidade.

Fazer música é meu ponto de equilíbrio.

Sou uma mulher madura e Minha Rainha foi o início da realização de um sonho guardado por muito tempo, diante da necessidade de me reconhecer como artista. Até hoje me emociono, quando vejo a palavra compositora associada a meu nome.

Conheci pessoas geniais nessa jornada e tive a sorte de reencontrar velhos amigos. Estudo, continuamente, todas as etapas que envolvem entregar uma canção ao público, como artista independente.

Sinto-me revelada, em sintonia com meu propósito, tomada por um sentimento de euforia e vulnerabilidade, pois tudo é tão intenso e pessoal.

Tenho duas filhas e gostaria de ensiná-las a buscarem o que as define como seres humanos únicos, em qualquer momento da vida.

Espero poder inspirar outras pessoas também. Sempre há tempo para transformação.


4- Quais são seus projetos futuros? O que as pessoas que acompanham e admiram o seu trabalho podem esperar de lançamento em 2025?

R: Ainda para este ano, estou preparando o lançamento de um novo single, Não Demora, que em breve estará nas plataformas digitais. Em 2025, lançarei meu primeiro EP, em fase de gravação.

Conto com a parceria de André Tavares, competente produtor musical da cena baiana, além de André Nogueira e Artur Nogueira, músicos e amigos queridos com quem elaboro os arranjos.

Em Salvador, tenho realizado shows periódicos, com repertório de autorais e versões, escolhendo músicas compostas ou que foram interpretadas por mulheres. Também estou avaliando algumas propostas para o eixo Rio – São Paulo.

Sinto como se tivesse encontrado uma caixa cheia de tesouros maravilhosos, e muito me alegra poder compartilhá-los.

5- Como tem sido sua experiência como titular Abramus? Você sente que ser titular proporciona proteção e apoio em sua carreira musical?

R: Meu primeiro contato com a Abramus foi em um evento sobre o mercado musical. Fui muito bem recebida, antes mesmo de iniciar meus lançamentos autorais. Estiveram disponíveis para sanar todas as minhas dúvidas e foram extremamente receptivos com minha música.

Como compositora, gostaria de louvar os esforços da Abramus, não somente na proteção dos direitos autorais no Brasil, mas também pelo papel que executam na divulgação e promoção da cultura.

Agradeço a oportunidade de participar do Sintonizando. Foi um prazer enorme!

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