Publicado em 19/03/2023.
Por Belinha Almendra
Bem-vindo, Marco Aurélio! Nesta edição do Sintonizando, conversamos com um dos maiores nomes da música sertaneja. Compositor, cantor e produtor, ele acaba de se juntar ao time da Abramus. Com uma extensa lista de hits gravados por duplas e artistas de sucesso, Marco Aurélio conta mais sobre a sua biografia de sucesso.
1 – Você nasceu em Joaçaba, Santa Catarina, e começou a tocar e cantar muito novo. O que foi que despertou em você esse amor pela música?
Eu nasci em Joaçaba e com ainda com 2 meses eu vim para Campo Grande. Aos quatro anos, quando meus pais se separaram, fui para Vacaria, no Rio Grande do Sul, onde eu me criei até os 15. Quando eu cheguei em Vacaria aí sim, veio esse amor pela música. Eu sempre queria cantar nas apresentações da escola e como eu era uma criança hiperativa, minha disse “vou botar esse guri pra tocar um violão”. Eu acabei gostando demais e a música se tornou o norte da minha vida. De lá pra cá foi só crescimento, só aprendizado. Realmente, o sentido da minha vida é a música.
2 – Aos 15 anos você se mudou para Campo Grande, conhecida por reunir muitos compositores do chamado sertanejo universitário. Essa mudança foi fundamental em sua carreira?
Durante uma época, veio morar comigo um senhor chamado Benedito Seviero, grande compositor de Boate Azul, dentre tantos outros sucessos gravados por diversos artistas. A partir daí, eu criei esse amor por compor. Minha primeira composição foi exatamente com o Benedito Seviero, ou seja, eu tive o privilégio de tê-lo como o meu primeiro mestre.
Aos 15 anos eu já tinha contato com a música sertaneja, a música paraguaia, que é uma influência forte aqui. Posteriormente, a gente acabou ajudando a criar o estilo que as pessoas chamam de sertanejo universitário, isso foi muito importante. Na verdade, eu gostava de música sertaneja e fui colocando as minhas ideias nas composições: até chegar nesse sertanejo universitário levou algum tempo, mas o meu amor pela música sertaneja, seja ela de qualquer vertente, é incondicional.
3 – Você já foi integrante de algumas duplas de muito sucesso. Existe uma receita única para chegar lá ou cada dupla tem seu próprio jeito de ser?
Pra contar desde o começo, aos 16 anos eu montei a minha primeira dupla, aqui em Campo Grande, com o senhor Arquibaldo de Freitas, criador da gravadora Brasidisc. A dupla se chamava Arquibaldo e Serra Morena, meu nome artístico na época, e fazia uma música sertaneja mais tradicional. Fui pra São Paulo com o Arquibaldo, conheci muitos compositores, foi um período muito legal. Posteriormente, até porque a diferença de idade entre nós era muito grande, a dupla acabou, mas continuamos amigos. Foi quando eu conheci o Paulo Sergio e comecei a cantar nos bares, boates, na noite de Campo Grande, época em que começa a surgir o sertanejo universitário, entre 1999 e 2000. Em 2004 eu passei a cantar com o Mathias, quando ele se separou do Mato Grosso: fizemos 2 discos, nos 3 anos que estivemos juntos. Um grande amigo, até hoje. Depois de uma volta com o Paulo Sergio, que não deu muito certo, encerrei a carreira e me tornei empresário de duplas, mas sempre compondo e escrevendo muito. Quando a música “Você de volta” ajudou a estourar a dupla Maria Cecília & Rodolfo, os sucessos não pararam mais, graças a Deus! Hoje nós temos a dupla Victor Gregório & Marco Aurélio, escrevemos pra vários artistas e cantamos onde quer que nos chamem. Eu tenho o maior orgulho de estar ao lado do Victor, porque é o nosso jeito de cantar, de escrever, de fazer as coisas.
Cada dupla tem sua maneira de ser, de tocar. A parte mais técnica, comercial, é a mesma, mas no lado artístico, cada uma tem o seu jeito, isso é bem peculiar.
4 – Grandes nomes da música sertaneja já gravaram músicas suas, como Maiara e Maraísa, Zezé di Camargo e Luciano, Cesar Menotti e Fabiano, Luan Santana, entre muitos outros. Você compõe já pensando nos intérpretes, eles lhe pedem canções para novos projetos?
A gente procura realmente direcionar a canção para um determinado artista, dupla ou grupo, mas de repente algumas escapam desse critério. Acontece também de compor repertório para uma determinada dupla, como por exemplo quando a gente trabalhava com Munhoz & Mariano, dupla que gravou “Camaro Amarelo”, “Bombeiro” e várias outras músicas. No caso de Fred & Gustavo, que estourou com “Então, valeu” e “Lendas e mistérios”, o repertório foi fruto de um trabalho de oito meses, focado em escrever só para eles. Essas músicas foram regravadas posteriormente por artistas como Jorge & Mateus, Safadão e tantos outros.
5 – Além de intérprete e compositor, você é um consultor renomado para jovens artistas. Quando alguém te procura para orientar a carreira, quais são as principais orientações que você transmite?
A primeira coisa que eu faço é perguntar aos artistas se é isso mesmo o que eles querem, porque a vida de um cantor, de um artista, é de muito suor, que precisa ter regras. Você abdica de muita coisa, muitos momentos com a sua família, para poder realmente ter foco na sua carreira. Se o artista diz que sim, quando ele tem essa predisposição para que a carreira aconteça, fica mais fácil de se alcançar o sucesso e fazer bem aquilo que você gosta.
A música vai lhe dar o que você der pra ela, em termos de tempo, dedicação, disposição. E a música é muito ciumenta, não divide você com nada, mas é gratificante demais trabalhar no meio artístico…é viciante! Eu não me vejo fazendo outra coisa: não sei e nem quero.
6 – Para terminar, o que te dá mais prazer: compor um novo sucesso ou descobrir um novo talento?
Que pergunta difícil! Olha, eu acho que seria compor um novo sucesso para um novo talento que esteja despontando. É a reposta mais direta e completa pra sua pergunta. As duas coisas são muito boas, mas se for possível aliar um novo sucesso a um novo talento, isso é eterno, é algo que fica pra sempre.