Não dá para ignorar que a pandemia pegou o mundo de surpresa e virou nossas vidas de pernas pro ar. A quarentena, ainda modo mais recomendado pelos especialistas para frear o avanço da doença, mudou nossa rotina. Demos várias dicas de como lidar com esse período (saiba mais aqui), ressaltando também a importância da música (saiba mais aqui).
Além do aumento na busca por alguns ritmos, como o Lo-Fi (saiba mais aqui), o consumo da música e de podcasts através das plataformas digitais teve mudanças significativas. Em uma pesquisa feita com os usuários do Spotify e Deezer, algumas conclusões podem ser tomadas sobre esse novo normal:
Podemos entender que, após um período confuso inicial de adaptação, as pessoas ajustaram seu consumo diário de músicas e podcasts. Ao invés de tradicional trajeto para o trabalho, o uso agora é mais voltado para atividades domésticas, que demandam outro tipo de conteúdo.
Música clássica explica uma busca por um ambiente mais relaxante, sem esquecer do papel fundamental das músicas infantis para os que precisam ocupar o dia dos filhos. As playlists estão mais voltadas para criar esse momento pacífico familiar, do que os animados encontros com os amigos.
Os temas dos podcasts também mostram dois perfis: Busca por informação confiável e por práticas relaxantes, através do auto-conhecimento, bem-estar e meditação.
Essa soma de fatores peculiares, gerados pela pandemia trazem, ainda algumas leituras sobre o presente e futuro da música. Primeiro é o cancelamento de todos os shows. Muito provavelmente não voltaremos a ter shows esse ano e, mesmo quando voltarem, não serão mais os mesmos.
Um rápido parênteses: Muitos sofrem diretamente, sentindo no bolso o impacto forte na economia com o cancelamento dos shows. Neste cenário a Abramus se mobilizou para ajudar os profissionais da indústria cultural mais atingidos: os trabalhadores da produção e dos bastidores. Você pode ajudar com doações e lances no Leilão dos Artistas (Saiba tudo sobre a Campanha Artística Humanitária).
Voltando… Os shows hoje são as lives e elas têm nos mostrado mais algumas coisas. As músicas que ouvimos em casa ao lado dos familiares não são as mesmas que curtimos em um espetáculo com os amigos. Vejam por exemplo as variações no funk, em queda, e no samba em alta:
Está aí outra tendência: a dificuldade de se lançar hits. O turbilhão de mudanças levou as pessoas a olharem mais para o passado, pensando na vida e buscando conforto nos grandes clássicos da música. Outro problema é a ausência do fator de consumo em bando. Normalmente escutamos o que os nossos amigos também escutam. Só que isolados fisicamente, sabemos pouco do que os outros estão ouvindo e muitas vezes nem estamos preocupados com isso no momento. Um novo hit, pelo menos nos padrões pré-pandemia, hoje é bem improvável.
Algumas conclusões finais: Os clássicos estão mais vivos do que nunca. Nossos grandes intérpretes e compositores viverão um bom período de reconhecimento e estabilidade. Já os artistas iniciantes e em ascensão precisarão de mais esforço e uma boa dose de adaptação.
Assim como os DJ’s de música eletrônica, que já perceberam que música muito veloz e boa para se ouvir no volume máximo não combina com dentro de casa, sozinho ou com família, outros artistas que querem se destacar no novo normal da música vão precisar inovar. Olhe para o passado e busque o que pode ser usado para contar sobre o nosso presente. As pessoas querem a segurança da nostalgia de outrora, mas também querem uma leitura profunda, crítica e sincera sobre o nosso presente e futuro. Quem souber mesclar os dois vai sair na frente.
Fontes: Mais Oeste e UOL