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Sintonizando com Julies Mazarini

Foto: Rafael Strabelli

A música nos escolhe. É com esse sentimento que nos deparamos ao conhecer Julies Mazarini. Formado em jornalismo, a vida acadêmica não foi um impedimento para os seus sonhos. Pelo contrário. Fundador da Musique Press, o também cantor e compositor Julies, trilhou caminhos distintos para unir suas paixões num amor em comum: a música. Hoje conheceremos um pouco dessa história inspiradora que reúne todos os ingredientes necessários para fazer de um sonho a realidade.


Foto: Rafael Strabelli

Músico, compositor, jornalista e assessor de imprensa. Melodias peculiares que compõem harmonicamente a sua carreira. Onde tudo começou?

Parecia que tudo estava predestinado e interligado. Sempre amei a música. Seja tocando, ouvindo ou compondo, sempre tive uma ligação muito forte com ela. Mas além da música, quando era mais novo também sempre fui apaixonado por futebol, talvez rolasse até um empate técnico com a música até então. A paixão pelo futebol acabou me fazendo querer tornar jornalista. Talvez essa escolha, além dos sonhos de cobrir grandes eventos esportivos pelo mundo, tenha sido por achar que teria “mais chances” de dar certo do que a música.

Os anos foram se passando, o interesse pelo futebol diminuindo e a paixão pela música aumentando cada vez mais. Foi nesse período que acabei entrando na ABOVE, uma banda de pop rock que tive entre 2010 e 2015. Lá fui muito feliz. Realizei sonhos, pude dividir palco com ídolos, conhecê-los, virar amigo deles, me apresentar em outras capitais e gravar com nomes que admirava. Durante 2010 e 2012, trabalhei em um site esportivo, pude entrevistar nomes como Muricy Ramalho, Neto, Vampeta, Juninho Paulista (inclusive deve ter vídeo no Youtube), mas já não era a mesma coisa. Comecei a perder o interesse e o tesão pelo futebol e a paixão pela música inflamava as minhas veias.

Foi então que aceitei que a música era dona de mim e que eu tinha nascido para trabalhar com ela. Sempre fui o cara que gostava de traçar estratégias, assumir a responsabilidade por tocar o barco e assim fundei a Musique Press e nunca mais me desliguei da música.

Pouco tempo depois acabei saindo da Above, mas não queria sair da música. Já estava carimbado, era ela quem me trazia esse sentimento que nunca consegui abandonar desde então. Logo depois comecei a fazer assessoria de vários shows importantes para várias produtoras. Comecei a assessorar shows de nomes como NxZero, Os Paralamas do Sucesso, CPM22, Tihuana, Fresno, A Banda Mais Bonita da Cidade. Neste período eu não estava mais tocando, estava apenas com a empresa. Ai em 2016 recebi um convite dos meninos do Maneva para assessorá-los diretamente. Pronto, acho que era o pontapé que faltava. Lá tive a oportunidade de fazer muita coisa, aprender muito e conhecer muita gente. Lembro até hoje que nos primeiros 6 meses, assistindo os belos shows que o Maneva sempre fez, eu saia no meio do show cabisbaixo e com um sentimento de vazio, até que percebi que a música estava me chamando para o lado que sempre mais amei: O palco.

O que veio depois daí é a história recente. Comecei a me sentir cada vez mais musicalizado e sentindo a música correr por minhas veias de uma forma diferente. Foi ai que um certo dia fui até a casa do Deko (compositor do Maneva, amigo e assessorado da empresa) e começamos a compor as canções que hoje estão compondo meu EP, depois de pronto mostramos para os meninos do Maneva, que prontamente se ofereceram para me ajudar a gravar as canções junto com o Thiago Stancev, produtor responsável pelos dvds “Maneva Ao Vivo em São Paulo” e “Maneva: Acústico na Casa do Lago”.

Fazer faculdade ou viver de música. Questionamento comum para quem sonha com os  palcos mas também com o diploma. Como foi possível conciliar?

Olha, essa é uma resposta complicada. No meu caso, a faculdade acabou sendo a responsável direta para eu viver para e de música até hoje.  Depois que descobri o gosto pela coisa, nunca me vi fazendo qualquer outra coisa que não fosse relacionada à música, como nunca fiz desde que me entendo por gente. Foi por causa da graduação que tive, que hoje aprendi ser um bom assessor de imprensa e poder trabalhar com grandes talentos da música brasileira e mundial.
      
Além de uma vasta seleção de artistas que já trabalhei e que estampo com orgulho no site da minha empresa, tive a oportunidade de trabalhar com nomes como: Nazareth, Steel Pulse, Dezarie, Alborosie, Soja, fiz o lançamento do “The Next Generation” do Groundation no Brasil. Então para mim, ela foi essencial por eu estar realizando sonhos e subindo degraus.

Do rock com a banda Above, para o reggae em carreira solo. O que o inspirou a mudar de segmento?

Acho que foi abrir minha cabeça para a música em si. Quando moleque eu tinha uma cabeça um pouco mais fechada, achava que só o que eu ouvia era bom e ponto. Naquela época eu era aqueles rockeiros farofas, sabe? Minha banda favorita da vida é BON JOVI, tenho inclusive o Jon e o Richie tatuados no meu braço. Achava que só aquilo era bom. Também ouvia muito Guns N Roses, Whitesnake, Van Halen, Aerosmith, etc e todos meus amigos também ouviam e eram rockeiros farofas, alguns até se vestiam com os visuais anos 80.

Não conhecia quase nada fora da minha bolha e já tinha um pré-julgamento formado para quase tudo. Depois que saí da minha zona de conforto, descobri quanta coisa boa existe no mundo. Tive uma aproximação natural com o reggae por motivos lógicos. Depois de começar a assessorar o Maneva, também tive a oportunidade de trabalhar com praticamente os maiores nomes do segmento no Brasil: Cidade Verde Sounds, Gabriel Elias, Planta & Raiz, além dos internacionais que citei lá em cima. Fui conhecendo, me aprofundando e me apaixonando pelo gênero e pelas pessoas que dão voz ao pop/reggae no Brasil.

Em 10 anos a sua ascensão é irrefutável. Qual foi o seu maior desafio?

Nunca ter deixado de acreditar e me doar um só dia. São 10 anos de assessoria e 8 anos de perrengues. Tinha mês que eu vivia com menos de um salário mínimo, tinha vez que não sabia se poderia pagar a fatura do cartão de crédito, por exemplo. Sempre fui muito teimoso quanto minhas escolhas, já quebrei muito a cara por isso, mas nesse caso eu tinha certeza, não tinha como não ter. Me imaginar fazendo outra coisa me deixava triste, só quem vive a música sabe o quão poderoso é o efeito que ela exerce sobre você.

Ouvi muito sermão dos meus pais, quebrei muito a cara, muito mesmo! Mas não desisti.

A Musique Press, agência de comunicação que você fundou, é uma grande referência em assessoria de imprensa artística. Como ela nasceu?

Ela nasceu para eu nunca mais ter que abandonar este universo. Lembro que na parte final da Above, quando as coisas não iam bem, me batia o desespero em pensar em não poder viver aquilo tudo de novo, já que a banda estava acabando. É claro que não estaria mais em cima dos palcos, mas ainda assim era música. Não me via trabalhando trancado em um escritório todos os dias, de calça, camisa e terno, ou fazendo coisas burocráticas que sempre detestei desde criança. Na verdade, eu trabalhei em uma agência de comunicação corporativa durante seis meses e foi ali que decidi o que realmente queria e não queria para a minha vida. Lembro que um mês depois que sai da agência eu fundei a Musique Press.

Acho que os sete ou oito primeiros anos foram bem difíceis. Terminava o mês empatado quase sempre, tinham meses que eu nem podia sair de casa porque não tinha como pagar as contas. Escolhia uma festa no mês para ir e ia. Olha, foi com muita persistência e dedicação que hoje nos tornamos uma das referências em assessorias de imprensas artística. Ainda há muito o que aprender e melhorar, mas muito feliz em poder ver quem já passou e está por aqui.

Após “Buquê Pra Multidão”, seu último single, quais são os seus próximos passos?

Eu acabei de lançar ‘Fumaça’,  um single que tive a oportunidade de compor com o Gabriel Elias, Deko e Zapi. Na próxima semana, mais precisamente no dia 26 de março lançaremos o clipe oficial no Youtube.

Neste ano ainda devo soltar mais três singles. Dois deles terão participações especiais com o Maneva e o Deko. No final, provavelmente, deveremos lançar as versões acústicas deste EP, que está sendo lançado aos poucos, e que tem uma produção maestral do Thiago Stancev.


Confira alguns destaques do trabalho do Julies:

Julies – Buquê Pra Multidão (Clipe Oficial)

Julies – Pequena (Clipe Oficial)

Julies – Fumaça (Clipe Oficial) feat. Anna Lu & Zapi

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Foto: Rafael Strabelli

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