A música raramente é fruto de um trabalho solitário. Normalmente é uma cadeia criativa, que vai desde a composição, com letra, arranjos e melodia; até a interpretação, com voz e instrumentos variados. Um processo que pode envolver até dezenas de pessoas, cada um com um talento especial, em uma determinada etapa.
Claro que existem os compositores que também interpretam suas próprias músicas. É impossível não pensar em Tom Jobim, Renato Russo, Cazuza, Rita Lee, Marília Mendonça, Paula Mattos e tantos outros. De qualquer forma, todos eles têm algum apoio nas etapas deste processo, e é inegável que sua fama vem mais da interpretação de seu trabalho, do que da sua composição.
Os artistas que se dedicam mais na função de compor as músicas, raramente alcançam uma fama maior com a população em geral. Seu trabalho é mais que fundamental, já que inicia todo o processo, mas geralmente sua sina é o anonimato.
Se formos falar de compositores que fazem parte da nossa história musical, um nome que se destaca é Michael Sullivan. É o nome artístico do pernambucano Ivanilton de Souza Lima, que em seus quase 70 anos, canta, produz, mas acima de tudo, é o compositor de grandes sucessos.
Nas últimas décadas compôs com e para os melhores e mais famosos cantores e cantoras do país, como: Tim Maia, Roupa Nova, Fagner, Sandra de Sá, Xuxa, os Trapalhões e Roberto Carlos.
Entre suas centenas de composições, várias se destacam como grandes sucessos:
É uma carreira de muito talento, que lhe trouxe reconhecimento e respeito no meio da música, um lugar na nossa história e, até hoje, altos rendimentos nas arrecadações de direitos autorais. Porém, a maior parte do grande público não o conhece.
O tempo passa, e uma nova geração segue o mesmo caminho. Talvez você não conheça Bruno Caliman, mas este baiano, que começou como vendedor ambulante de jingles, é compositor de “Camaro Amarelo”, “Domingo de Manhã”, “Destino” e várias outras. Todas grandes hits, que ajudaram a alavancar as carreiras de Munhoz & Mariano, Marcos & Belutti e Lucas Lucco.
Claro que não são só hits, mas a constância em produzir músicas, lhe rendeu, segundo o ECAD, o primeiro lugar em arrecadação das rádios do país em 2018, e outras várias parcerias como: Raça Negra, Luan Santana e Paula Fernandes.
Eles não estão sozinhos. Temos os veteranos Nando Cordel (“De Volta Pro Aconchego” e “Isso Aqui tá bom Demais”), Renato Teixeira (“Romaria” e “Tocando em Frente”) e Joel Marques (“Não Aprendi a Dizer Adeus” e “No Dia em que eu saí de casa”). Também se sobressai a jovem Larissa Ferreira, que fazendo parte das, mais modernas, composições compartilhadas, é co-autora de vários hits atuais, como: “Romance com Safadeza”, “Aquela Pessoa”, “Vidinha de Balada”, “Trincadinho” e “Eu sei de Cor”.
Todos se consolidaram como grandes compositores. Conquistaram sua fama onde mais importa, entre os músicos, que reconhecem e contam com o seu talento, para continuar movendo as engrenagens da música.
Em uma era de superexposição e privacidade mínima, talvez a ausência da “fama popular” seja um trunfo. Continuam exercendo seu trabalho com excelência, arrecadando seus direitos e vivendo de música. Tudo sem precisar abrir mão de uma certa paz e tranquilidade na vida. Ser compositor é bom demais!
KEYWORDS